sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Guerreiro

Fenômeno MMA ganha filme acima da média, que aposta no drama pra nocautear o espectador

Depois de anos dominando as salas de cinema de todo o mundo, parece que o boxe finalmente ganhou uma rival a altura dentro da sétima arte. Gênero esportivo predileto, desde o sucesso da franquia Rocky Balboa, o boxe da índicos que vai perder, também no cinema, o espaço que deixou de lado no mundo esportivo. Tanto que apostando no maior fenômeno atual do mundo esportivo, o MMA, Hollywood se apressou para lançar Warrior, longa que apesar ter como foco principal as arte marciais mistas, conquista o espectador graças ao foco dramático que traz para a trama e a poderosa atuação de seu elenco.

Dirigido por Gavin O'Connor, dos interessantes Força Policial e A Casa de Vidro, Warrior não apresenta  grandes novidades na narrativa, mas consegue explorar bem fórmulas já utilizadas anteriormente. Trazendo as já consagradas histórias de redenção, que sempre fez muito sucesso em filmes do gênero, o longa tem como grande mérito o fato de apresentar um trabalho digno tanto para os fãs das artes marciais, como também para os apreciadores da sétima arte. Mesmo com algumas escorregadas no roteiro, e um apelo excessivamente dramático em alguns momentos, O'Connor consegue trazer sentimento para o filme, transformando uma história aparentemente previsível, em um trabalho que verdadeiramente emociona o espectador. 

Com roteiro baseado em história criada pelo próprio diretor Gavin O'connor, Guerreiro narra a história de dois irmãos, Tommy (Tom Hardy) e Bredan (Joel Edgerton), que acabam tomando destinos opostos após a complicada separação de seus pais. Anos mais tarde, misteriosamente, Tommy reaparece na vida de seu pai (Nick Nolte), e mesmo não perdoando o fato dele ter sido o pivô da separação, pede para que ele volte a treina-lo. Do outro lado da trama está Brendan, um ex-lutador de MMA que após carreira de pouco destaque decide se dedicar apenas a família e a sua nova função: professor de física. Problemas financeiros, no entanto, fazem com o professor passe a repensar uma volta aos ringues. O destino então trata de novamente dar uma chance para essa família, mesmo que para isso, eles precisem discutir suas diferenças dentro do octógono.

Apesar da trama não parecer tão original, o roteiro não é tão óbvio quanto demonstra ser e vai revelando aos poucos o porque de toda a reação de cada um dos personagens. Reações que só ganham força, graças a ótima performance de todo o elenco. A começar pelo experiente Nick Nolte, que encarna com extrema intensidade o papel de um ex-alcoólatra que tenta, mesmo que em vão, reconquistar a confiança de seus filhos. A vontade no papel, Nolte consegue comover o espectador e mostra uma excelente química com os dois "filhos". Principalmente com Tom Hardy (A Origem), que após alguns papeis secundários, consegue aqui a chance pra mostrar que tem talento. Com uma atuação repleta de rancor e frieza, Hardy encarna sem exageros o personagem que não consegue perdoar o pai e esquecer o seu passado. No mesmo nível de Hardy está Joel Edgerton (Rei Arthur), que numa atuação extremamente equilibrada consegue fugir dos clichês de seu personagem e vai muito bem tanto nas cenas dramáticas, como também nos takes mais físicos.

Esse, aliás, é um dos grande méritos do diretor Gavin O'Connor, que mostra perícia na condução do longa. Com uma câmera vibrante e quase sempre em ângulos interessantes, a direção conduz o filme de maneira criativa, principalmente, nas cenas de luta.  Explorando takes rápidos e trazendo a visão do torcedor para as telas do cinema, os duelos são extremamente bem coreografados e realistas. O resultado são cenas originais, e empolgantes, que prendem vão prender o espectador no seu assento.

No entanto,  apesar dos muitos acertos, Guerreiros tem alguns equívocos que poderiam ser evitados. Principalmente com relação ao bom roteiro, que acaba forçando uma certa barra, pra tentar dar mais ritmo ao filme. Sem contar muito do filme, será que é tão fácil assim mesmo entrar numa das principais competições do mundo no MMA ?? Outra GRANDE falha no roteiro ficou pela exclusão, quase que sumária, do Brasil no mundo da artes marciais mistas. Não dá pra fazer um filme do esporte quase que fundado pelos brasileiros, e não apresentar sequer um representante do nosso país. A exclusão foi tão grande, que talvez por vergonha desse fato, o filme (salve qualquer engano meu) não foi lançado nos cinemas brasileiros.

Entretenimento de qualidade, Guerreiro tem como grande mérito o fato de conseguir, de forma equilibrada, retratar a dureza do esporte e comover o espectador com a dramática jornada de redenção de uma família. Palmas para o diretor Gavin O'Connor, que mesmo explorando os dois esteriótipos preferidos do herói americano, consegue salvar o filme dos clichês e levar para o cinema a primeira obra digna sobre o MMA.


Nenhum comentário: