Eles já estão velhos, não tem o mesmo físico, nem tão pouco a velocidade, mas ainda assim sabem fazer um bom filme de ação. Brincando com este fato, e todos os pontos positivos e negativos do gênero que se popularizou na década de 1980, Sylvester Stallone nos brinda com o ótimo Os Mercenários, uma obra que corresponde à todas as expectativas. Reunindo uma constelação de astros do gênero, como Mickey Rourke, Stallone, Jason Stataham, Jet Li, Bruce Willis e até o "governator" Arnold Schwarzenegger, o longa ao mesmo tempo que é uma ode aos filmes de ação, mostra que a idade chega para todos nós, até mesmo os "indestrutíveis" herois de Hollywood.
Diferente do seu último trabalho no gênero, o ótimo Rambo IV, em Os Mercenários percebemos que Stallone não pretendia fazer um filme para ser levado a sério. Acredito, aliás, que o espectador que for esperando algo mais sólido, ou que aprendeu a curtir a ação mais realista dos tempo atuais, pode se decepcionar. Prepare-se para sequências absurdas, exércitos de um homem só, mocinhas indefesas em uma ilha paradisíaca, generais latino-americanos querendo destruir os "americanos" e muita, mais muita, "porradaria". O que afinal, filme de ação que se preste tem que ter. O problema, é que a reunião de astros fez mais sucesso do que o próprio Sly pensava, e num determinado momento, o filme passou a ter status de clássico de ação, o que definitivamente ele não é. Portanto, se você conseguir encarar Os Mercenários como uma grande homenagem ao gênero, a diversão será garantida. Caso contrário, a decepção pode acontecer.
Principalmente por culpa da trama, que como em quase todos os outros filmes do gênero, é extremamente simplória. Vemos um grupo de mercenários, liderados por Barney Ross (Sylvester Stalone), um perito em armas e artes marciais. Fazem parte desta reunião de músculos o expert em facas Lee (Statham), o temperamental Toll Road (Randy Couture), o psicológicamente abalado Gunner (Lundgren), o excêntrico Hale (Terry Crews) e Ying (Jet Li) o faixa preta em Kung Fu. Através de um de seus contatos, o tatuador Tool (Rourke), eles chegam ao misterioso Mr Church (Willis) que lhes apresenta o pior trabalho de suas carreiras. Ir para uma pequena ilha da América do Sul e tirar do poder o cruel e totalitário General Garza (David Zayas). Na ilha, Ross e Lee acabam conhecendo a bela Sandra (Gisela Itiê) e descobrem que o problema verdadeiro vai muito além do apresentado.
Com uma trama previsível, as boas sacadas do roteiro de Sly e a ótima qualidade da ação apresentada, transformam Os Mercenários em uma deliciosa diversão para os fãs do gênero e talvez, para os marinheiros de primeira viagem. Conseguindo explorar bem a questão das limitações e os dilemas existenciais de cada um destes heróis, Stallone consegue dar uma nova abordagem aos filmes do gênero. As piadas com o preparo físico, principalmente as da cena em que parecem Willis, Sly e o governator são ótimas. Além disto, todo o longa é recheado de boas piadas, que só ganham força graças a excelente química entre os atores.
Se a trama é prevísivel, e o roteiro é uma grata supresa, as cenas de ação são explosivas. Senti até a falta do macaquinho no final da sessão. Repetindo a estética apresentada em Rambo IV, as cenas de ação não pecam por falta de luta, sangue e as famigeradas explosões. Com embates bem coreografados, os fãs do gênero vão curtir muito, a luta entre o gigante Lundgreen e o pequeno Jet Li. Além disto, a sequência final é extremamente empolgante e divertida. Surpreendentemente bem realizada, para um filme que teria sido feito para não ser levado a sério. O lado negativo fica pela falta de qualidade nos efeitos sonoros após o processo de dublagem. Nitidamente a parte sonora da trama fica aquém à esperada. Tudo parece muito abafado, em função da dublagem. Além disto, a dublagem da atriz Gisele Itiê é péssima. Por isto, se possível, assistam a cópias legendadas.
Mas o que seria de Os Mercenários, se não fosse o ótimo elenco. Importante para toda a divulgação e campanha promocional do longa, o elenco consegue ser bem aproveitado, de maneira interessante. Claro que Sly e Statham, como sempre eficientes, tem mais tempo em cenas, mas alguns atores conseguem surpreender. Como por exemplo o sueco Dolph Lundgreen. Fisicamente diferente dos tempos de Ivan Drago, o ator nos brinda com uma atuação carregada, repleta de dilemas, e muito boa nas cenas de ação. Parece que os 52 anos não pesaram para o ator. Outra supresa fica a cargo de Jet Li, bem mais solto e falante do que usualmente. Mickey Rourke mantèm o nível de suas últimas atuações, apesar do pouco tempo em cena. Já a brasileira Gisele Itiê não decepciona e consegue uma atuação interessante, na pele da guerrilheira latina que precisa ser salva.
Como uma grande homenagem a um gênero que hoje já não funciona mais, Os Mercenários nos brinda com cenas de qualidade, muita diversão e uma reunião de astros que marcaram o passado de muitos fãs do cinema. Uma obra feita para não ser levada a seria. Duas horas de ação que, mesmo por alguns minutos, vão nos levar por um túnel do tempo direto para a "era de ouro" do gênero.
2 comentários:
Vou ver amanhã.(Infelizmente)
Abraço
Cinema as my World
Vc pode se surpreender... Abraços !!!!
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