quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cinemaniac Indica (Trilogia O Poderoso Chefão)


Escrever sobre a maior trilogia que o cinema já viu é uma tarefa um tanto quanto difícil. Baseada em roteiro escrito por Mario Puzo, o longa dirigido por Francis Ford Copolla fez história, e impressiona ainda hoje, 38 anos após o lançamento do primeiro capítulo. Explorando um elenco primoroso, uma trilha sonora fantástica, um roteiro que dispensa comentários e uma trama extremamente envolvente, O Poderoso Chefão é um dos grandes exemplos que o cinema pode sim aliar arte ao entretenimento, sem perder qualidade.

Responsável por dar "nova vida" aos filmes sobre a máfia, O Poderoso Chefão acabou virando exemplo para todos os seus sucessores. Com qualidade técnica irretocável, o longa conseguiu trazer para a tela as diversas facetas de uma família mafiosa, desde o glamour e o apego familiar à crueldade e frieza para aniquilar seus adversários. Aliás, foi este detalhismo em mostrar o desenvolvimento da família, muito bem construída por Mario Puzo, que fez da trilogia uma das grandes obras do último século. Sendo muito bem desenvolvida ao longo dos três filmes, a trama narra a história da família Corleone, uma das mais influentes nos EUA, e a sua luta para se manter hegemônica ao longo das décadas. O curioso é que por muito, mas muito pouco mesmo, esta trama sequer saia do papel. Na verdade, quando Puzo começou a escrever O Poderoso Chefão, no final da década de 1950, já era a pedido da Paramount, com intuito de se produzir um longa. Porém, a história pesada sobre a máfia não agradou o estúdio, que temendo um fracasso econômico, acabou vetando o roteiro. Com a história pronta em mãos restou a Puzo lança-la em formato de livro. O resultado é que a obra virou um best-seller, levando a Paramount a ter a acertada decisão de produzir o longa.

A partir desta narrativa, podemos perceber o quão poderosa é a trama de Puzo. Com uma enorme gama de personagens, com características e pensamentos completamente distintos, percebemos como um grande roteiro é responsável pelo êxito, ou não, de um filme. Todos os diálogos, as reviravoltas, e a ação do longa, se desenvolvem de maneira a cada vez mais prender a atenção do espectador, conseguindo isto desde os primeiros minutos de exibição. Vale ressaltar também, a ótima direção de Copolla, que é o grande responsável pela trama ter sido fielmente adaptada aos cinemas, com qualidade indescritível. Com um estilo particular de conduzir seus filmes, Copolla brinda o espectador com cenas de uma precisão singular, diria eu cirúrgica. É genial como o diretor consegue aliar temas completamente opostos, como por exemplo amor e violência, com sensibilidade genuína. Apesar do modo clássico de se filmar, com planos sequenciais e movimentos de câmeras tradicionais, o diretor ousa, quando necessário, criando cenas extremamente brilhantes. Um dos que mais chama a atenção, é a forma como diretor conduz situações paralelas. Com cortes rápidos, diversas cenas vão acontecendo, desencadeando um clímax que poucas vezes pôde ser visto no cinema. Além de toda esta genialidade técnica, o diretor consegue tirar o máximo de cada um do seu grandioso elenco, especialmente de Marlon Brandon e Al Pacino.

Aqui, abro uma parêntese para contar mais um fato curioso. Desde que começou a pensar no longa, o diretor Francis F. Coppola queria ter Marlon Brando como Don Vito Corleone. Porém sua má reputação em trabalhos anteriores, seu jeito polêmico e sua personalidade imatura e irresponsável afastaram o ator do papel. Além dele, Al Pacino também foi outro a ser logo descartado, já que era praticamente um desconhecido até então. Tanto que Warren Beatty, Jack Nicholson e Dustin Hoffman foram testados para o papel. Porém, parecia que o destino estava sorrindo para a Paramount e por conta própria, os dois atores resolveram fazer os testes para o longa. O resultado deixou os produtores e Copolla espantados, e tanto Brando como Pacino foram contratados.

Com interpretações brilhantes, os dois são mais uma das marcas registradas deste longa. A atuação de Brando, que garantiu o Oscar para o ator, é até hoje citada como uma das mais marcantes que o cinema já viu. A perfeita construção do personagem, desde a fala arrastada à uma voz rouca e tranquila, fizeram de Don Vito Corleone o símbolo do sucesso da trilogia. Assim como Brando, Al Pacino mostrou em O Poderoso Chefão que seria uma dos maiores atores que o cinema já viu. Responsável por um dos grandes personagens da franquia, o ator se entrega de uma forma, que chega atá mesmo a mudar sua fisionomia, ao longo da evolução de Michael Corleone, o filho preferido de Don Corleone, que de maneira alguma deseja seguir com os negócio do pai, mas acaba cedendo após uma tragédia familiar. Além deles, os três longas ainda trazem ótimas atuações de tood o elenco. A começar por Robert Duvall, na pele do fiel advogado Tom Hagen. Diferente dos dois citados acima, Duvall é responsável por uma atuação sóbria e irretocável. Se Pacino e Brando são o coração do filme, Duvall é o cérebro. Além deles a trilogia ainda traz ótimas atuações de Talia Shire (ótima como a forte irmã Connie Corleone), John Cazzale (grande atuação na pele do frágil Fredo Corleone), James Caan (que interpreta Sonny Croleone, um dos pilares da família Corleone), Diane Keaton (ainda muito nova como Kay, a esposa de Michael), Robert de Niro (como o jovem Don Corleone, no segundo longa) e Andy Garcia (como o sobrinho Vinnie Mancini, que no terceiro longa, passa a ser braço direito de Michael Corleone). Vale destacar também a participação de Sophia Coppola, filha de Francis F. Coppola, que estreia como a filha de Michael.

Para encerrar, após falar de roteiro, direção e elenco, não poderia deixar de fora o elemento que mais me chama a atenção na trilogia: a mágica trilha sonora. Com trilha original composta por Nino Rota, com participação de Carmine Copolla nos segundo e terceiro longa. Mais do que um mero apoio das cenas, a trilha é parte integrante do longa e responsável por grande parte do clima criado em toda a trilogia. Enfim, O Poderoso Chefão tem tudo que os grandes clássicos do cinema precisam ter para receber esta alcunha. Infelzimente, não tenho capacidade suficiente para escrever mais sobre esta obra, que sem dúvidas é uma das mais marcantes que o cinema já viu.





Por que assistir ?

- Pelas grandes atuações de todo elenco, em especial marlon Brando e Al Pacino.
- Por ótimas cenas, como os inesquecíveis casamento inicial e o batismo, que encerra o primeiro longa.
- Pela trilha sonora composta por Nino Roth, talvez a melhor de todos os tempos.

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