Paul Haggis é um dos profissional do cinema, que mais mostra um engajamento em seus trabalhos, pouco visto nos dias de hoje. Seus filmes fogem do padrão "American Way of Life" e revelam mazelas de uma sociedade que tenta passar a imagem de perfeita. Em uma curta e expressiva carreira atrás das câmeras, Haggis foi elogiado por tratar de temas complexos e socialmente discutidos. No ano de 2004 ele conseguiu a proeza de ser o primeiro a estar, merecidamente diga-se de passagem, com dois filmes na disputa pelo Oscar. Em Menina de Ouro, filme dirigido por Clint Eastwood, Haggis produz e assina o roteiro, que trata da regulamentação da eutanásia como temática principal. Porém foi com a direção em "Crash: No limite", que Haggis se revelou para o mundo do cinema. O filme foi ganhador de três Oscars, incluindo o de melhor filme, mostrando a intolerância racial ainda presente na sociedade Norte-americana.
Já em 2006 novamente em parceria com Eastwood, Haggis produz Cartas de Iwo Jima, o primeiro filme sobre a Segunda guerra mundial produzido nos Eua, feito sob a perspectiva dos Japoneses no conflito. O filme novamente faturou um Oscar e se tornou um dos melhores do ano. Apesar de todos os filmes acima serem excelentes, a dica de hoje é sobre o trabalho mais recente de Paul Haggis, intitulado "No Vale das Sombras".
O filme que também concorreu a um Oscar, de melhor ator para Tommy Lee Jones, é mais um daqueles citados anteriormente que fogem dos padrões convencionais, já que retrata a guerra de uma forma diferente, bastante realista. Adaptado após ler a estória "Death and Dishonor", de Mark Boal, publicado na revista Playboy, Paul Haggis mostra com frieza e exatidão, como uma guerra pode influenciar na vida dos jovens soldados.
Em alto tom de crítica, Haggis consegue com muita sensibilidade montar uma trama envolvente e bastante revaladora, sobre um pai (Tommy Lee Jones), um ex-soldado na guerra do Vietnã, que procura o seu filho, também soldado, que desapareceu no primeiro fim de semana após retornar da guerra do Iraque. Ao saber do caso, o pai que é um ex-policial militar, decide partir em busca do filho. Ele recebe a ajuda da detetive Emily Sanders (Charlize Theron), que trabalha na jurisdição onde Mike foi visto pela última vez. À medida que as investigações avançam o que era um caso de desaparecimento torna-se uma suspeita de assassinato, o que faz com que Emily tenha que enfrentar o alto escalão militar e o preconceito dos próprios companheiros de polícia.
O filme em nenhum momento tenta esconder os traumas que uma guerra pode trazer à vida de uma famíla e isso se torna ainda mais verídico graças as excelentes atuações. Tommy Lee Jones, por exemplo, rouba a cena em uma interpretação sublime. Charlize Theron, que mais uma vez mostra não ser apenas uma bela mulher, atua com precisão impecável. Além destes dois grandes destaques, o filme ainda conta com grandes nomes como Susan Sarandon, que vive a sofrida mãe do desaparecido, Josh Brolin, praticamente como coadjuvante no filme e Jason Patrick, surpreendentemente bem.
Enfim, com belas cenas, destaque para a cena final, ótima trilha sonora e excelentes atuações, "No Vale das Sombras" se torna um daqueles filmes indispensáveis para os amantes do bom cinema.
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