Neste dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, temos a oportunidade de novamente lembrar de algumas das grandes mulheres da Sétima Arte. Se hoje, em pleno ano de 2018, nos deparamos com a necessidade de movimentos contra o Time’s Up e o Me Too, duas manifestações urgentes em prol da igualdade de gênero e do fim do assédio em Hollywood, o que falar de algumas realizadoras que lá atrás decidiram quebrar tabus e ajudaram a democratizar a presença feminina dentro da indústria. Neste artigo, portanto, confira uma lista com quinze mulheres vanguardistas que se posicionaram entre os gigantes da Sétima Arte.
- Alice Guy (1 de Julho de 1873 - 24 de Março de 1968)
Muitos provavelmente não conhecem esse nome, mas Alice Guy-Blaché foi a primeira diretora da história do cinema. Apesar de ter muito dos seus feitos omitidos e assumidos por outros diretores, Alice é considerada a primeira a conseguir dirigir um filme ficcional. Na verdade, no início do advento cinema, essa ferramenta era utilizada para narrar fatos cotidianos, cenas rotineiras. Alice Guy, no entanto, foi uma das pioneiras ao instituir uma linha narrativa em seus trabalhos. Com uma carreira extremamente longínqua para os padrões da época, foram 24 anos trabalhando como diretora, Alice dirigiu mais de mil filmes e - ainda hoje - é a primeira mulher a fundar e dirigir o seu próprio estúdio (The Solax Company). A realizadora francesa faleceu no ano de 1968, aos 94 anos. Dentre muitos trabalhos, o grande destaque de sua carreira é o longa Falling Leaves.
- Florence Lawrence (2 de Janeiro de 1886 - 28 de Dezembro de 1938)
Se Alice Guy foi a primeira diretora da história do cinema, a primeira grande estrela da indústria cinematográfica foi Florence Lawrence. Nascida no Canadá, Florence ganhou status por suas muitas personagens, já que ao longo de sua carreira atuou em mais de 300 filmes. Tanto que ela ficou conhecida como "The Biograph Girl", em alusão ao fato dela ter atuando muitas vezes pelo estúdio Biograph, e "The Girl of a Thousand Faces", a garota das mil faces. O mais curioso, porém, é que no início da consolidação do cinema mudo os realizadores não se preocupavam com os artistas em questão. Na verdade, temendo uma elevação nos gastos com o cinema, os produtores evitavam dar crédito aos seus protagonistas. Cientes que o público procurava uma ligação com os personagens, e que isso poderia se tornar uma rentável fonte de capital, a indústria do cinema começou a abrir mais espaço para os atores. Começando com Florance Lawrence, que, somente no ano de 1907, atuou em 38 filmes. Florence se tornou assim a primeira atriz a ser explorada pela publicidade, foi dada como morta em dado momento só para alavancar a sua presença em um filme e conquistou os holofotes nos EUA até meados da década de 1920. Infelizmente, sua carreira sofreu um duro golpe em 1929. Como se não bastasse a morte de sua mãe, a grande depressão esgotou a produção cultural da época. Sem trabalhos e com a queda do seu patrimônio, Florence caiu no ostracismo. Já na década de 1930, a atriz tentou recuperar o seu espaço em novos trabalhos pela MGM. Suas participações, porém, eram pequenas e muitas delas não creditadas. Sozinha e deprimida em função de uma rara doença, Florence Lawrence se matou em 1938, aos 52 anos. O mais trágico nisso tudo, no entanto, é que apesar de ter sido a primeira grande estrela de Hollywood, Florence foi enterrada em um túmulo não marcado. Somente na década de 1990, comovido com a situação, o ator Roddy McDowall resolveu prestar uma homenagem para atriz. Ele mandou construir uma lápide memorial com a inscrição: "The Biograph Girl/The First Movie Star" (A Garota da Biograph/A primeira estrela do Cinema).
- Mary Pickford (8 de Abril de 1892 – 29 de Maio de 1979)
Uma das primeiras grandes estrelas do cinema mudo, a canadense Mary Pickford se tornou referência nos EUA. Conhecida como a “queridinha da América”, a atriz foi lançada por Adolph Zukur, se tornando, em 1918, a atriz mais bem paga de Hollywood. Com mais de 200 créditos no seu nome, Pickford se tornou sinônimo de popularidade, levando um Oscar de Melhor Atriz em 1930, por seu trabalho em Coquete (1929). Entre as décadas de 1910 e 1920, graças a filmes como In the Bishop's Carriage (1913), Caprice (1913), Hearts Adrift (1914) e Tess of the Storm Country (1914), ela conquistou um status capaz de causar inveja a um certo Carlitos. Uma mulher a frente do seu tempo, Mary Pickford brilhou também fora das telas. Ao lado do seu marido, Douglas Fairbanks, de D.W Griffith, do infame O Nascimento de Uma Nação, e do gênio Charlie Chaplin, ela fundou em 1919 a United Artists, um dos maiores e mais poderosos estúdios do século XX. Embora não fosse uma entusiasta do advento do som na película, Pickford e a UA ajudaram a moldar a indústria do cinema, se mantendo ativo desde a sua fundação ao investir em grandes produções do quilate de A Marca do Zorro (1920), Robin Hood (1922), Scarface (1932), Tempos Modernos (1936), O Grande Ditador (1940) e uma série de outras grandes produções das décadas seguintes. Diferente dos demais grandes estúdios, que dominavam não só a produção dos filmes, mas também todo o processo de distribuição, a United Artists deu voz aos produtores independentes\autorais, permitindo que eles controlassem não só sobre a obra, como também sobre a exibição e de locação de salas. Um modelo que, na atualidade, tem sido muito utilizado, principalmente após o ‘boom’ das pequenas produtoras e das gigantes do streaming. Pickford seguiu associada a UA até 1956, quando vendeu a sua parte nas ações por, na época, três milhões de dólares. Ela, aliás, foi a última entre os fundadores originais a deixar a companhia. Por essas e por outras, Mary Pickford foi considerada pelo AFI a 24ª maior estrela do cinema de todos os tempos, uma colocação que parece pequena diante da colaboração da atriz\produtora no cinema, na política e na defesa dos direitos femininos dentro da indústria.
- Hattie McDaniel (10 de Junho de 1895 – 26 de Outubro de 1952)
Responsável por dar vida a uma das personagens mais cativantes do clássico ...E O Vento Levou (1939), a zelosa Mammy, Hattie McDaniel se tornou a primeira mulher negra a ganhar um Oscar. Numa época em que a segregação racial era lei em alguns Estados dos EUA, a atriz teve que conseguir uma “licença” especial para poder participar como convidada da premiação, já que, na época, pessoas negras só poderiam estar no local a trabalho. Uma autorização que, diga-se de passagem, foi conseguida na base da pressão, isso porque nomes como os de Clark Gable, um dos grandes galãs do período e estrela do longa, ameaçou boicotar a cerimônia caso McDaniel não dividisse o espaço com ele. Infelizmente, porém, o triunfo da atriz no Oscar não foi o bastante, naquele momento, para modificar o cenário para as mulheres negras em Hollywood. Embora tenha conseguido dar sequência a sua carreira nas décadas seguintes, McDaniel se viu presa ao arquétipo da doméstica até os anos 1950. Na época, inclusive, ela tentou enxergar a sua situação sob um prisma otimista, refletindo sobre a situação da mulher negra nos EUA e má remuneração dentro da indústria."Por que devo reclamar enquanto ganho 700 dólares por semana sendo uma empregada nas telas? Se não fosse uma nas telas, ganharia sete dólares por semana sendo uma de verdade.”, sintetizou McDaniel lembrando do contexto social em que a sua geração estava inserida. Sem grandes perspectivas no cinema após o final da década de 1940, ela se tornou uma grande estrela do rádio ao protagonizar a série Beulah, uma personagem que a levou a TV em 1952 para uma adaptação com o mesmo título. Pena que, pouco tempo depois, justamente quando alcançava o protagonismo, Hattie McDaniel adoeceu e faleceu, aos 57 anos, vítima de um câncer de mama. Ela, porém, escreveu o seu nome na história ao se tornar a primeira pessoa negra a levar um Oscar, se tornando um símbolo de representatividade num meio que, ainda hoje, luta para abraçar a diversidade.
- Edith Head (28 de Outubro de 1989 – 24 de Outubro de 1981)
Única mulher da lista entre os recordistas do Oscar, Edith Head ficou conhecida como uma das maiores figurinistas da história da Sétima Arte. Ao longo de sete décadas, esta virtuosa estilista ajudou a refinar algumas grandes produções, acompanhando as transformações sociais (e porque não ditando moda) em trabalhos do status de Tarde Demais (1949), A Malvada (1950), Sansão e Dalila (1950), Um Lugar ao Sol (1951), A Princesa e o Plebeu (1953), Sabrina (1954), Um Corpo que Cai (1958), O Homem que Matou Facinora (1962), Butch Cassidy (1969), Golpe de Mestre (1973) e muitos outros. Em 1950, aliás, Edith Head ganhou as duas estatuetas douradas disponíveis na categoria, tanto nas produções à cores (Sansão e Dalila), quanto nos filmes em preto e branco (A Malvada). O triunfo de Head se tornou tão marcante que, duas décadas após a sua morte, Brad Bird decidiu homenagear esta grande realizadora usando as suas feições na personagem Edna Mode, a figurinista que desenha os uniformes desta família superpoderosa. Que sacada e que reverência a uma mulher à frente do seu tempo.
- Greta Garbo (18 de setembro de 1905 - 15 de abril de 1990)
Alimentando uma aura misteriosa ao longo de sua carreira, a sueca Greta Garbo foi a primeira estrela de Hollywood avessa aos holofotes e a publicidade. Com uma carreira meteórica, Garbo estrelou clássicos como A Dama das Camélias, Mata Hari, Anna Karerina e Grande Hotel. Reza a lenda, que ao longo de sua carreira, Garbo concedeu apenas 14 entrevistas. A atriz, uma das primeiras a se tornar poderosa em Hollywood, também amedrontava os homens, principalmente os produtores. Em função da independência da atriz, os realizadores diminuíram o seu espaço. Prova disso é que em 1940, Garbo foi considerada um "veneno de bilheteria". Seu estilo marcante, porém, ditou moda na época. Atrizes como Marlene Dietrich, Tallulah Bankhead, Joan Crawford, Katharine Hepburn, Bette Davis e Mae West admitiram publicamente a inspiração no estilo da atriz. Seu visual levemente masculinizado, inclusive, virou moda na década de 1930. Na verdade, Greta Garbo sempre gostou de explorar todos os gêneros, lutando para interpretar personagens masculinos. Após uma carreira de grande sucesso, Garbo começou uma espécie de autoexílio nos anos de 1940. Seus filmes já não eram tão rentáveis, a Segunda Grande Guerra a incomodava profundamente e as novas atrizes "roubavam" o seu espaço. Greta Garbo até tentou voltar a estrelar novos projetos. A alcunha "Veneno de Bilheteria" e a sua própria indecisão, porém, a afastou de vez da indústria. A atriz faleceu aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia, no ano de 1990.
- Katharine Hepburn (12 de Maio de 1907 - 29 de Junho de 2003)
Considerado pelo AFI (Instituto Norte-Americano de Cinema) a maior atriz da história de Hollywood, Katharine Hepburn é um dos símbolos femininos do cinema. Maior vencedora do Oscar, com quatro estatuetas, Hepburn estrelou filmes como A Levada da Breca e Núpcias de um Escândalo. Diferente da grande maioria das estrelas de sua época, consideradas "Venenos de Bilheteria" durante a década de 1940, Hepburn não se abateu e após um período de fracassos retomou o sucesso de sua carreira. Na verdade, após o êxito de seu primeiro grande filme, Manhã de Glória (1933), Hepburn não encaixou uma sequência de grandes trabalhos enquanto jovem. No entanto, a atriz foi uma das primeiras a conseguir sucesso já com uma idade mais "elevada". Tanto que seus principais trabalhos aconteceram a partir dos seus 40 anos, incluindo ai Uma Aventura na África (1951), Adivinha quem vem para Jantar (1967), O Leão no Inverno (1968) e Num Lago Dourado (1981). Dedicando sua carreira também ao teatro, Hepburn foi considerada a primeira grande atriz de Hollywood com sucesso em peças. Com destaque para o seu trabalho em montagens de Shakespeare. Apresentando uma postura forte e irônica com a imprensa, Hepburn se tornou - durante bom tempo - uma figura considerada arrogante. Apesar de ter sido casada apenas uma vez, com Ludlow Ogden Smith, o grande relacionamento de sua vida foi com o astro Spencer Tracy. Como na época o divórcio não era muito tolerado pelo grande público, os dois mantiveram a relação sem qualquer tipo de oficialização. Reza a lenda, inclusive, que Katharine nunca assistiu Adivinha quem vem para Jantar, último trabalho de Spencer Tracy. Com uma carreira extremamente respeitável, Katharine Hepburn faleceu em 2003, aos 96 anos, em decorrência de um tumor na garganta.
- Ingrid Bergman (29 de Agosto de 1915 - 29 de Agosto de 1982)
Protagonista de uma das maiores histórias de amor já realizadas em Hollywood, o clássico Casablanca (1942), Ingrid Bergman é considerada uma das mais expressivas e belas atrizes da história do cinema. Vencedora de três Oscar, Bergman chocou os EUA ao se tornar uma das primeiras estrelas a tornar pública a sua separação, do cirurgião Petter Lindström, em 1949. O pivô desse divórcio foi o diretor italiano Roberto Rosselini, que se tornou o segundo marido de Bergman. Ela, aliás, é mãe da também atriz Isabella Rosselini. Apesar desta decisão ter significado uma perda de popularidade, a atriz foi considerada adúltera e mau exemplo para as mulheres americanas, Bergman retomou sua carreira na Europa. Tanto que em 1956, ela estrelou Anastácia: A Princesa Esquecida. O filme fez grande sucesso em Hollywood e representou a volta de Bergman, que atuou ainda em Mais Uma Vez, Adeus" (1961), "A Visita da Velha Senhora"(1964) e em "Assassinato no Expresso Oriente"(1974). Considerada o grande símbolo da feminilidade clássica, Ingrid Bergman era um mulher à frente do seu tempo. Lutou contra essa imagem de mulher puritana, assumiu seus relacionamentos, tomou as rédeas de sua vida, mas acabou arcando com as consequências em meio à conservadora sociedade norte-americana. Bergman faleceu aos 67 anos, vítima de um câncer de mama, deixando como legado mais de 50 filmes e uma conduta independente.
- Marilyn Monroe (1 de junho de 1926 - 5 de agosto de 1962)
Talvez a estrela mais "consumida" da história, Marilyn Monroe é o grande símbolo de todo o frenesi que cerca uma celebridade. Afinal de contas, ela foi a maior estrela dentro da "Era das Estrelas" de Hollywood. Viveu apenas 36 anos, todos sob os holofotes da mídia. Muito mais do que uma atriz, Marilyn se tornou um símbolo de beleza mundial. Considerada a atriz mais sexy de todos os tempos, Monroe viu sua vida ser controlada pela mídia, pelos grandes estúdios, e não conseguiu resistir a essa pressão. Protagonista de clássicos como Quanto Mais quente Melhor, Os Homens Preferem as Louras e O Pecado Mora o Lado, Monroe sempre tentou buscar papeis maiores e melhores para o cinema. No entanto, a indústria não demonstrava muito interesse nisso. Como Monroe sempre demonstrou muita habilidade para a comédia, ela ficou estigmatizada por interpretar sempre o papel da loira ingênua e bela. A atriz tentou mudar um pouco esse panorama, procurava dar entrevistas de cunho politico, defendendo a igualdade racial e sexual, mas isso não parecia chamar a atenção dos jornalistas. Por outro lado, seu especulado "envolvimento" com o Presidente John Kennedy se tornou um destaque dentro da mídia. Infelizmente, Marilyn Monroe foi encontrada morta em 1962. A causa é ainda hoje controversa, mas o obituário classificou a morte por "envenenamento barbitúrico agudo", resultante de um "provável suicídio". Ainda assim, mesmo com a morte prematura, Marilyn Monroe é considerada uma das estrelas mais presentes no imaginário popular e, até os dias de hoje, segue sendo lembrada em filmes, canções, quadros e na moda.
- Audrey Hepburn (4 de maio de 1929 - 20 de janeiro de 1993)
Considerada a última heroína romântica do Cinema, Audrey Hepburn é uma das mais icônicas personalidades já produzidas por Hollywood. Nascida na Bélgica, mas criada na Holanda, a atriz ficou imortalizada por atuações em clássicos como Bonequinha de Luxo, A Princesa e o Plebeu e My Fair Lady. Sua vida de estrela, no entanto, contrastou com sua dura infância em meio à Segunda Guerra Mundial. Vivendo na Holanda em meio a invasão nazista, Hepburn e sua família tiveram de conviver com privações, incluindo a fome. Trabalhou de forma clandestina como bailarina até o término do conflito, colaborando, inclusive, com a resistência holandesa. A partir daí foi para Inglaterra, tentou seguir a carreira no balé, mas foi considerada alta demais para a função. Se tornou modelo e só depois passou a dedicar a sua vida a atuação. Diferente da grande maioria das atrizes da época, que investiam numa atuação mais passional e sexy, Audrey Hepburn era bem mais contida. Sua expressividade, aliada a sua intensidade, transformavam as suas atuações em símbolos de um novo rumo para o cinema. Seu cabelo curto, quase sempre preso, seu estilo sofisticado e sua parceria como grandes estilistas, como o renomado Hubert de Givenchy, transformaram Hepburn em um dos maiores símbolos da história da moda. Sua personagem em Bonequinha de Luxo, aliás, é considerada até hoje uma das mais importantes da história do cinema e uma grande influência para muitas mulheres desde então. Sempre com papéis marcantes, Hepburn atuou ainda em longas como Sabrina (1954), Guerra e Paz (1956), Quando Paris Alucina (1964) e Um Clarão nas Trevas (1967). Como se não bastasse toda a sua influência, Audrey Hepbrun se tornou embaixatriz da ONU em 1987, uma forma encontrada por ela para retribuir toda a ajuda conseguida durante a segunda guerra mundial. Hepburn continuou bastante ativa, mas acabou não conseguindo resistir a um câncer, falecendo aos 63 anos, no ano de 1993. Curiosamente, seu último trabalho foi em Além da Eternidade (1989), longa dirigido por Steven Spielberg, no qual a atriz deu vida a um anjo.
- Elizabeth Taylor (27 de fevereiro de 1932 - 23 de março de 2011)
Considerada a diva eterna da Era de Ouro do Cinema, Liz Taylor era uma mulher a frente do seu tempo. Responsável por interpretar a mais icônica personagem feminina da história, a Rainha Cleópatra, Elizabeth Taylor emanava todo esse glamour necessário para viver uma personagem de tal porte. Apaixonada por joias, maquiagens e roupas de grife, Taylor se tornou um símbolo de uma Hollywood que não existe mais. Responsável por grandes filmes, incluindo Um Lugar ao Sol, Assim Caminha a Humanidade e Gata em Teto de Zinco Quente, Liz Taylor liderou a lista de maiores salários - durante um bom tempo - em Hollywood. Enquanto astros como Robert Mitchum, Anthony Perkins e Marilyn Monroe ganhavam, em média, 40, 75, 100 mil dólares, Taylor chegou a receber 500 mil na MGM. O carisma da atriz era tão grande que nem mesmo a vida particular manchou a sua carreira. Liz Taylor se casou oito vezes, sendo os principais deles com o ator Richard Burton, parceiro de cena em Cleópatra, e com Michael Todd, considerado por muitos o grande amor da atriz. Todd, no entanto, acabou falecendo após um ano de casado, fato que abalou Liz Taylor. De volta a sua carreira, ela estrelou ainda outros clássicos, como Quem tem Medo de Virginia Woolf? e Disque Butterfield 8. Taylor foi também uma importante defensora da causa homossexual. Amigas de atores gays, como Rock Hudson e Montgomery Clift, Liz Taylor foi uma das primeiras a abordar a causa da AIDS. Principalmente quando Hudson assumiu publicamente que era portador do vírus HIV. Através da postura da atriz, que buscou todos os veículos de imprensa, os EUA passaram a iniciar a luta contra a AIDS. Em 1991, Taylor fundou a Elizabeth Taylor AIDS Foundation, que ainda hoje ajuda no combate à doença, angariando fundos e auxiliando pacientes infetados com o vírus. Elizabeth Taylor faleceu no dia 23 de Março de 2011, aos 79 anos, vítima de uma parada cardíaca. Deixou como legado, além de uma bem sucedida carreira, uma postura humanitária única na história de Hollywood.
- Meryl Streep (22 de Junho de 1949)
A atriz mais indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar, Meryl Streep é talvez o símbolo atual que mais remete a Era de Ouro de Hollywood. Trazendo grandes atuações em sua carreira, dentro de boa parte dos gêneros, Streep é a atriz mais respeitada da atualidade. Estrela de filmes como O Franco Atirador, Kramer vs Kramer, A Escolha de Sofia, As Pontes de Madison, O Diabo Veste Prada e A Dama de Ferro, Streep foi indicada a 22 Oscar. Diferente das atuais celebridades, Streep aposta em um visual discreto e dificilmente se envolve em polêmicas. Meryl é casada atualmente com Don Gummer, mas seu primeiro grande amor foi o também ator John Cazale. Atuando em filmes como O Franco Atirador e O Poderoso Chefão, Cazale viveu com Streep por três anos, até a sua morte em 1978. Ciente de seu grande status, Meryl Streep também sempre se manteve perto de causas filantrópicas. Ela é cofundadora do Mothers e Others, um grupo de ajuda para crianças, e também apoia os trabalhos do National Women's History Museum, do The Public Theatre e a campanha Chime For Change, criada pela grife Gucci. Streep segue tendo grandes atuações, tanto que foi novamente indicada ao Oscar em 2018, por seu ótimo trabalho em The Post: Guerra Secreta.
- Sigourney Weaver (8 de outubro de 1949)
Ainda que não tenha uma carreira tão celebrada como as nove mulheres citadas acima, Sigourney Weaver fecha esta lista porque foi talvez a primeira grande atriz a provar que não existe isso de sexo frágil no cinema. Responsável por protagonizar o primeiro grande filme de ação liderado por uma mulher, a Tenente Ripley vivida por Weaver comprovou que as mulheres poderiam também protagonizar filmes de gêneros diferentes do que a comédia, o drama e o romance. Na verdade, foi Weaver que abriu as portas para que nomes como Linda Hamilton (Exterminador do Futuro), Uma Thruman (Kill Bill), Mila Jovovich (Resident Evil), Angelina Jolie (Tomb Raider), Kate Beckinsale (Anjos da Noite), Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes), Scarlett Johansson (Viúva Negra), Charlize Theron (Furiosa, Lorraine), Gal Gadot (Mulher-Maravilha) pudessem conseguir rios de dinheiro como estrelas de ação. A carreira de Weaver, no entanto, não parou nos filmes de ação. Além de protagonizar outras três continuações de Allien, Weaver estrelou ainda longas como Na Montanha dos Gorilas, A Secretária do Futuro, Os Caça-Fantasmas, 1942 - A Conquista do Paraíso, A Vila e mais recentemente o sucesso Avatar.
- Kathryn Bigelow (27 de Novembro de 1951)
Se tem uma classe que ainda se encontra em grande desvantagem em Hollywood, essa é a das diretoras. Para se ter uma noção exata do que eu estou dizendo, em noventa anos de Oscar apenas cinco mulheres foram indicadas ao prêmio da categoria. E a única a vencer foi Kathryn Bigelow. E justamente no ano em que o seu ex-marido, o legendário diretor James Cameron, disputava com o blockbuster dos blockbusters Avatar (2009). Dona de uma filmografia enxuta e intensa, Bigelow escreveu o seu nome em Hollywood em títulos genuinamente masculinos, invadindo o cinema de ação com sucessos do porte de Caçadores de Emoções, K:19 e A Hora mais Escura. Foi com o nervoso Guerra ao Terror, porém, que Bigelow teve o seu talento reconhecido. Com pulso narrativo para abordar um tema espinhoso, ela colocou o espectador no meio da Guerra do Iraque ao acompanhar as desventuras de um grupo de militares do esquadrão antibombas. Adotando um teor documental, Bigelow conquistou a crítica ao investigar a psique e a estressante situação de um militar em território inimigo, usando este particular ponto de vista num relato original sobre a guerra. O triunfo de Kathryn Bigelow, porém, não causou grande impacto em Hollywood, prova disso é que só em 2018, com Greta Gerwig e o seu Lady Bird, uma mulher voltou a ser indicada ao prêmio de Melhor Direção.
- Jennifer Lawrence (15 de Agosto de 1990)
Graças ao esforço de mulheres como Jodie Foster, Michelle Pfeiffer, Julia Roberts e mais recentemente Angelina Jolie, a jovem Jennifer Lawrence pode se tornar uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood. Símbolo de uma geração marcada por grandes atrizes, entre elas Elle Fanning, Soairse Ronan, Natalie Portman, Margot Robbie e Emma Stone, a estrela de Jogos Vorazes é hoje um exemplo de sucesso feminino dentro da indústria, uma atriz bem-sucedida capaz de faturar milhões sem a necessidade de ser ver presa ao universo blockbuster. Antes de brilhar na saga Jogos Vorazes, Jennifer Lawrence já havia cruzado o caminho das grandes premiações com títulos como o denso O Inverno da Alma (2010). Catapultada pelo frisson juvenil em torno da franquia ‘teen’, ela seguiu construindo a sua própria história, indo dos filmes pipocas (X-Men: Primeira Classe) aos papéis mais dramáticos (O Lado Bom da Vida, Joy, Trapaça) com enorme desenvoltura. Eleita a atriz mais bem paga do mundo nos anos 2015 e 2016 pela revista Forbes, Jennifer Lawrence viu o seu prestígio ecoar nas grandes premiações. Aos 27 anos, ela já possui quatro indicações ao Oscar, e uma estatueta dourada de Melhor Atriz por seu trabalho em O Lado Bom da Vida. Reconhecida pelo seu carisma e pela sua personalidade forte, Lawrence soube usar a sua popularidade em prol da luta pela igualdade feminina dentro da indústria. Sem medo de se posicionar, a atriz, em 2015, após o vazamento dos e-mails da Sony e a divulgação dos “salários” de alguns astros e estrelas de Hollywood, escreveu um texto intitulado “Por que eu recebo menos que meus colegas homens?”. Nele, ela admitiu a sua parcela de culpa na negociação dos seus contratos, entendendo que, nas entrelinhas, já tinha prestígio o bastante para bater de frente e lutar pela valorização dentro da categoria. Em suma, Jennifer Lawrence surge como o legado de uma geração de realizadora que, em épocas bem menos democráticas, lutaram pelo direito de brilhar, seja sob os holofotes, seja atrás das câmeras.
E neste Dia Internacional da Mulher, confira também a nossa lista com doze grandes filmes dirigidos por mulheres, o nosso artigo sobre a ascensão feminina dentro do cinema de ação e a nossa matéria especial com a nova geração de personagens femininas.
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