Prestando uma grande reverência ao original, longa mostra quem é que manda no topo da cadeia alimentar
Lançado no ano de 1993, Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros impressionou o mundo ao comprovar a evolução dos efeitos digitais dentro da sétima arte. Recheado de momentos icônicos, como não se lembrar da fascinante entrada no parque ao som da fantástica trilha sonora de John Williams ou do primeiro ataque do Tiranossauro Rex, a aventura dirigida por Steven Spielberg conquistou o público ao usar a magia do cinema para dar vida aos então extintos dinossauros, se tornando um daqueles raros fenômenos dentro da indústria do entretenimento. Após quase vinte e três anos e duas sequências bem menos inspiradas, a franquia jurássica retorna em grande estilo aos cinemas com o empolgante Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros. Prestando uma nítida reverência ao longa original, o novato Colin Trevorrow (Sem Segurança Nenhum) cumpre a sua missão ao apresentar estes seres pré-históricos às novas gerações, oferecendo uma obra esperta, divertida e visualmente irretocável. Ainda que - obviamente - não proporcione o mesmo impacto do original, esta continuação guarda também os seus trunfos e surpresas, conseguindo dialogar muito mais com a genialidade criativa de Jurassic Park, do que com o oportunismo comercial de O Mundo Perdido e Jurassic Park III.
Com Spielberg agora como produtor, Jurassic World é certeiro ao conservar a dinâmica que consagrou o primeiro filme, equilibrando habilmente os caprichados efeitos visuais com um competente argumento. Em meio aos grandiosos dinossauros, que com o avanço dos recursos digitais parecem ainda mais imponentes e assustadores, Colin Trevorrow se esforça ao máximo para valorizar todos os personagens, e os seus respectivos arcos, encontrando no talento do carismático Chris Pratt, da magnética Bryce Dallas Howard e do perspicaz Ty Simpkins a sustentação necessária para esta espontânea continuação. Na trama, assinada pelo próprio diretor ao lado de Rick Jaffa, Amanda Silver e Derek Connolly, o fracasso do Jurassic Park ficou para trás com o sucesso do Jurassic World. Atraindo milhares de pessoas, a atração agora liderada pelo milionário Simon Masrani (Irrfan Khan) conquistou o público ao dar vida às criaturas jurássicas. Sob a direção da perfeccionista Claire (Howard), o parque estava prestes a lançar mais uma atração, o geneticamente modificado Indominus Rex. Durante os preparativos para tal evento, ela recebe os sobrinhos Gray (Simpkins) e Zach (Nick Robinson) para um fim de semana em família, tentando achar um espaço na concorrida agenda para dar atenção aos dois. O que era pra ser uma viagem de alegria, no entanto, ganha contornos trágicos quando Indominus se revela uma máquina de matar a solta pelo parque. Sem o controle da situação, Claire recorre ao ex-marinheiro e especialista em dinossauros Owen (Pratt), e juntos terão que salvar não só os dois jovens, mas também encontrar uma maneira para extinguir esta nova ameaça.
Demonstrando absoluto respeito ao longa original, Jurassic World é certeiro ao reaproveitar algumas das fórmulas que consagraram o clássico de 1993. Promovendo uma série de adoráveis referências, daquelas capazes de levar os fãs da trilogia a euforia, o argumento é sagaz ao se manter fiel à estrutura narrativa do primeiro filme, apostando em personagens que parecem recuperar a aura encantadora que estabeleceu a franquia. Apesar das nítidas diferenças entre eles, que, tal qual os dinossauros, também passaram por uma especie de modernização, temos novamente o jovem "sabe tudo" empolgado em ver os seres pré-históricos, o especialista\herói preocupado com o destino dos animais e o empresário endinheirado disposto a brincar de Deus ao dar vida a novas espécies. Semelhanças que, verdade seja dita, em nenhum momento soam como um plágio, mas como uma espécie de homenagem ao melhor que a saga já ofereceu. Fazendo um belo uso deste recurso, Trevorrow não se prende somente ao passado, encontrando também algumas soluções novas e altamente satisfatórias. A começar pela construção do principal antagonista da trama, o voraz e inteligente Indominus Rex. Por mais que a trama derrape no problemático arco liderado por Vicent D'Onofrio (O Juiz), numa desajeitada tentativa de se criar um vilão humano com estúpidos interesses bélicos, o argumento é eficiente ao mostrar o dinossauro geneticamente modificado como uma verdadeira arma de destruição, preparando com extrema perícia o terreno para o espetacular clímax. Sem querer revelar muito, a sequência envolvendo o pacífico dinossauro pescoçudo, com direito a um primoroso uso dos recursos animatrônicos, ressalta o cuidado do realizador ao conceber uma criatura realmente vil.
Zelo que, diga-se de passagem, se repete no desenvolvimento dos protagonistas, que não são meros peões diante da ferocidade dos dinossauros. Contando com um roteiro leve e bem resolvido, o longa se divide habilmente em simples e bem distribuídas subtramas, mantendo o clima de tensão sempre em alta ao ganharem corpo de forma coesa e gradativa. Com destaque para divertida relação entre Owen e Claire, sem dúvidas, uma das maiores particularidades desta sequência. Embalado pelas ótimas atuações de Chris Pratt (Guardiões da Galáxia), absolutamente convincente como o bem humorado "salvador da pátria", e da estonteante Bryce Dallas Howard (A Vila), numa personagem que não "desce do salto" nem mesmo para fugir dos dinossauros, os dois revelam uma excelente química em cena, numa relação que cresce à medida que o perigo se aproxima. A nítida feminilidade de Claire, aliás, é explorada com perspicácia por Trevorrow na transformação da protagonista, que vai da cerebral mulher de negócios à destemida e nada indefesa "mocinha" de maneira atraente. Outro acerto do longa fica pela presença de Ty Simpkins (Homem de Ferro 3) e a inocente relação do seu personagem com o irmão mais velho (Nick Robinson). Apresentando um eficiente pano de fundo, que só amplia o elo entre os dois, o roteiro faz da parceria entre Gray e Zach um dos arcos mais equilibrados desta aventura, rendendo não só cenas mais aceleradas, como também alguns momentos mais singelos. É do jovem, aliás, a missão de nos apresentar ao Jurassic World, uma mistura de zoológico com parque aquático, numa sequência detalhista, nostálgica e acima de tudo original. Ainda sobre o elenco, vale destacar as presenças de Irrfan Khan (As Aventuras de Pi), que cativa como o proativo dono do parque, e do comediante Jack Johnson (New Girl), responsável por alguns dos bons alívios cômicos.
A grande força de Jurassic World, no entanto, reside novamente nos fantásticos efeitos visuais e na forma como Trevorrow procura "proteger" as surpresas possibilitadas por tais recursos. No longa mais violento da franquia, o diretor faz um baita uso da diferente interação entre dinossauros e humanos, que nesta continuação não se resume a relação entre caçador e presa. Mesmo sem abrir mão dos recursos animatrônicos, responsáveis por ampliar a veracidade nos takes mais detalhistas, O Mundo dos Dinossauros consegue tirar o máximo do avanço das tecnologias digitais, dando ainda mais mobilidade as gigantescas criaturas jurássicas. Procurando se conectar visualmente com o clássico de 1993, Trevorrow elabora sequências vigorosas e inventivas, mostrando estilo ao desenvolver não só os ataques dos dinossauros, mas também a estética de cada um deles. Com destaque para Indominus Rex, e a sua assustadora aparência hibrida, e para os Velociraptores, que recebem um maior espaço nesta continuação ao serem "domados" por Owen. E como se não bastasse a intensidade das cenas mais eletrizantes, o ataque do Indominus ao giroscópio é digno do original, Jurassic World ganha tons ainda mais vigorosos graças ao precioso uso do 3-D. Nadando contra a corrente, aqui o recurso não se resume a objetos atirados na cara do espectador, funcionando com rara sutileza na construção da atmosfera do longa. Além disso, o 3-D não diminui o brilho da iluminada fotografia de John Schwartzman (Drácula - A História Nunca Contada), se tornando positivamente imperceptível ao longo das fluídas 2 h e 15 min de projeção e permitindo momentos como a primorosa sequência submersa.
Oferecendo aquilo que o público gostaria de ver, Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros empolga ao fazer questão de manter viva a chama acesa pelo original e ao defender a atmosfera fascinante do icônico blockbuster noventista. Por mais que em alguns momentos o longa flerte com os clichês e as soluções exageradamente convenientes, forçadas até mesmo para um filme sobre criaturas pré-históricas, a nova aventura inspirada no livro de Michael Crichton conquista pela forma como quase venera o original sem esquecer de atualizar a franquia. Desta maneira, ao mesmo tempo em que nos deixamos levar pelos acordes nostálgicos da inesquecível trilha sonora composta John Williams, capturados com inspiração na releitura apresentada pelo ótimo Michael Giacchino (Up - Altas Aventuras), somos surpreendidos ao assistir a voracidade de Indominus Rex e a sua espetacular luta pelo topo da cadeia alimentar. Com o subir dos créditos e o baixar da adrenalina, entretanto, fica a certeza do pioneirismo de Steven Spielberg, que, com menos recursos digitais, abriu as portas desta franquia num brilhante trabalho que insiste em não envelhecer.
Demonstrando absoluto respeito ao longa original, Jurassic World é certeiro ao reaproveitar algumas das fórmulas que consagraram o clássico de 1993. Promovendo uma série de adoráveis referências, daquelas capazes de levar os fãs da trilogia a euforia, o argumento é sagaz ao se manter fiel à estrutura narrativa do primeiro filme, apostando em personagens que parecem recuperar a aura encantadora que estabeleceu a franquia. Apesar das nítidas diferenças entre eles, que, tal qual os dinossauros, também passaram por uma especie de modernização, temos novamente o jovem "sabe tudo" empolgado em ver os seres pré-históricos, o especialista\herói preocupado com o destino dos animais e o empresário endinheirado disposto a brincar de Deus ao dar vida a novas espécies. Semelhanças que, verdade seja dita, em nenhum momento soam como um plágio, mas como uma espécie de homenagem ao melhor que a saga já ofereceu. Fazendo um belo uso deste recurso, Trevorrow não se prende somente ao passado, encontrando também algumas soluções novas e altamente satisfatórias. A começar pela construção do principal antagonista da trama, o voraz e inteligente Indominus Rex. Por mais que a trama derrape no problemático arco liderado por Vicent D'Onofrio (O Juiz), numa desajeitada tentativa de se criar um vilão humano com estúpidos interesses bélicos, o argumento é eficiente ao mostrar o dinossauro geneticamente modificado como uma verdadeira arma de destruição, preparando com extrema perícia o terreno para o espetacular clímax. Sem querer revelar muito, a sequência envolvendo o pacífico dinossauro pescoçudo, com direito a um primoroso uso dos recursos animatrônicos, ressalta o cuidado do realizador ao conceber uma criatura realmente vil.
Zelo que, diga-se de passagem, se repete no desenvolvimento dos protagonistas, que não são meros peões diante da ferocidade dos dinossauros. Contando com um roteiro leve e bem resolvido, o longa se divide habilmente em simples e bem distribuídas subtramas, mantendo o clima de tensão sempre em alta ao ganharem corpo de forma coesa e gradativa. Com destaque para divertida relação entre Owen e Claire, sem dúvidas, uma das maiores particularidades desta sequência. Embalado pelas ótimas atuações de Chris Pratt (Guardiões da Galáxia), absolutamente convincente como o bem humorado "salvador da pátria", e da estonteante Bryce Dallas Howard (A Vila), numa personagem que não "desce do salto" nem mesmo para fugir dos dinossauros, os dois revelam uma excelente química em cena, numa relação que cresce à medida que o perigo se aproxima. A nítida feminilidade de Claire, aliás, é explorada com perspicácia por Trevorrow na transformação da protagonista, que vai da cerebral mulher de negócios à destemida e nada indefesa "mocinha" de maneira atraente. Outro acerto do longa fica pela presença de Ty Simpkins (Homem de Ferro 3) e a inocente relação do seu personagem com o irmão mais velho (Nick Robinson). Apresentando um eficiente pano de fundo, que só amplia o elo entre os dois, o roteiro faz da parceria entre Gray e Zach um dos arcos mais equilibrados desta aventura, rendendo não só cenas mais aceleradas, como também alguns momentos mais singelos. É do jovem, aliás, a missão de nos apresentar ao Jurassic World, uma mistura de zoológico com parque aquático, numa sequência detalhista, nostálgica e acima de tudo original. Ainda sobre o elenco, vale destacar as presenças de Irrfan Khan (As Aventuras de Pi), que cativa como o proativo dono do parque, e do comediante Jack Johnson (New Girl), responsável por alguns dos bons alívios cômicos.
A grande força de Jurassic World, no entanto, reside novamente nos fantásticos efeitos visuais e na forma como Trevorrow procura "proteger" as surpresas possibilitadas por tais recursos. No longa mais violento da franquia, o diretor faz um baita uso da diferente interação entre dinossauros e humanos, que nesta continuação não se resume a relação entre caçador e presa. Mesmo sem abrir mão dos recursos animatrônicos, responsáveis por ampliar a veracidade nos takes mais detalhistas, O Mundo dos Dinossauros consegue tirar o máximo do avanço das tecnologias digitais, dando ainda mais mobilidade as gigantescas criaturas jurássicas. Procurando se conectar visualmente com o clássico de 1993, Trevorrow elabora sequências vigorosas e inventivas, mostrando estilo ao desenvolver não só os ataques dos dinossauros, mas também a estética de cada um deles. Com destaque para Indominus Rex, e a sua assustadora aparência hibrida, e para os Velociraptores, que recebem um maior espaço nesta continuação ao serem "domados" por Owen. E como se não bastasse a intensidade das cenas mais eletrizantes, o ataque do Indominus ao giroscópio é digno do original, Jurassic World ganha tons ainda mais vigorosos graças ao precioso uso do 3-D. Nadando contra a corrente, aqui o recurso não se resume a objetos atirados na cara do espectador, funcionando com rara sutileza na construção da atmosfera do longa. Além disso, o 3-D não diminui o brilho da iluminada fotografia de John Schwartzman (Drácula - A História Nunca Contada), se tornando positivamente imperceptível ao longo das fluídas 2 h e 15 min de projeção e permitindo momentos como a primorosa sequência submersa.
Oferecendo aquilo que o público gostaria de ver, Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros empolga ao fazer questão de manter viva a chama acesa pelo original e ao defender a atmosfera fascinante do icônico blockbuster noventista. Por mais que em alguns momentos o longa flerte com os clichês e as soluções exageradamente convenientes, forçadas até mesmo para um filme sobre criaturas pré-históricas, a nova aventura inspirada no livro de Michael Crichton conquista pela forma como quase venera o original sem esquecer de atualizar a franquia. Desta maneira, ao mesmo tempo em que nos deixamos levar pelos acordes nostálgicos da inesquecível trilha sonora composta John Williams, capturados com inspiração na releitura apresentada pelo ótimo Michael Giacchino (Up - Altas Aventuras), somos surpreendidos ao assistir a voracidade de Indominus Rex e a sua espetacular luta pelo topo da cadeia alimentar. Com o subir dos créditos e o baixar da adrenalina, entretanto, fica a certeza do pioneirismo de Steven Spielberg, que, com menos recursos digitais, abriu as portas desta franquia num brilhante trabalho que insiste em não envelhecer.
2 comentários:
Bom texto! Amei "O Mundo dos Dinossauros", Chris Pratt tem um grande desempenho! É um ator lindo, carismático e talentoso ❤️. Passageiros Filme é de seus trabalhos mais recentes. Tem um bom roteiro e visualmente nos limpa os olhos. Para uma tarde de lazer é uma boa opção! :)
Valeu pelo elogio Karina. Também gosto muito dele, um ator engraçado que não se leva tão a sério. Jurassic World é realmente ótimo. Uma bela homenagem ao original.
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