terça-feira, 15 de julho de 2014

Cinemaniac Indica (The Normal Heart)

Produzido pela HBO, o telefilme The Normal Heart é mais um dos relevantes trabalhos sobre o "boom" da AIDS nos EUA. Dirigido pelo eclético Ryan Murphy, da série Glee, o longa nos apresenta a impactante história real de Larry Kramer, um dos primeiros ativistas a perceberem toda a nocividade deste vírus. Equilibrando no elenco nomes consagrados da TV e do Cinema, Murphy encontra no competente Mark Rufallo (Os Vingadores) a figura perfeita para viver este importante ícone na luta pelos direito dos homossexuais. Contando com uma narrativa crua e extremamente pesada, o diretor não foge dos conflitos e das divergências que marcaram todo o crescimento do movimento gay norte-americano.


Com roteiro assinado pelo próprio Larry Kramer, baseado em sua peça teatral homônima, o longa narra a história de Ned Weeks (Mark Rufallo), nome fictício escolhido pelo próprio autor, um escritor que se mostra incomodado com a ascensão do então "câncer gay" no início da década de 1980. Atacando diretamente o público homossexual, e logicamente muito dos seus amigos, Ned decide tentar alertar as autoridades sobre essa iminente epidemia. Com a ajuda da médica especialista Dr. Emma (Julia Roberts), o escritor, ao lado dos seus amigos mais próximos, decide formar uma organização para lutar contra a doença. Percebendo que a causa não vinha ganhando força dentro da própria comunidade, e que os políticos não davam a mínima atenção, Ned começa a procurar a imprensa para tentar alertar a população. É ai que ele conhece Félix (Matt Boomer), um jornalista assumido que se torna o amor da sua vida. A postura pouco amistosa de Ned, no entanto, cria uma série de debates dentro do próprio grupo, o que só potencializa os seus problemas pessoais. Com destaque para a complicada relação com seu irmão Ben Weeks (Alfred Molina) e para o drama vivido por seu namorado Félix.


Homossexual assumido, Ryan Murphy mostra muita precisão ao conduzir essa impressionante história real. Sem qualquer tipo de parcialidade, o diretor aborda com primor não só a omissão dos governantes norte-americanos, como também a ignorância da própria comunidade Gay. Explorando com veracidade todas as mazelas físicas da doença, Murphy foge dos clichês para nos apresentar o início do grande surto desta doença. Com um louvável ritmo, toda a concepção e consolidação desta organização é muito bem desenvolvida, com destaque para o impacto que cada perda traz para dentro da história. Murphy faz questão de valorizar o lado humano, dando a todo instante a noção exata de quão destrutiva era a doença. Contando com toda a intensidade de Mark Rufallo, numa das grandes atuações de sua segura carreira, o longa também não deixa de lado as relações afetivas e amorosas em torno deste processo. Demonstrando habilidade na construção destes relacionamentos, Murphy se aproveita do equilibrado e competente elenco de apoio para nos apresentar um trabalho extremamente profundo.


Contando com as surpreendentes atuações de Jim Parsons, ele mesmo o Sheldon de The Big Bang Theory, de Taylor Kitsch (John Carter), num contido desempenho como o oscilante presidente da organização, e de Matt Boomer (Crimes do Colarinho Branco), o longa consegue comover na medida certa. Apostando na grande química entre Boomer e Rufallo, Ryan Murphy equilibra romance e drama de forma precisa, deixando de fora o lado mais afetado presente na maioria seus trabalhos. Além disso, Murphy permite que cada um destes personagens tenha o merecido espaço na trama. Com destaque para a fria e intensa Julia Roberts, muito bem no papel da Dr Emma e para o irmão vivido por Alfred Mollina. Explorando com primor toda a importância deste movimento inicial dentro dos EUA, The Normal Heart é mais um daqueles retratos reais sobre as mazelas provocadas pela Aids em solo norte-americano. Sob a batuta do eclético Ryan Murphy, aliás, o longa comprova também toda a qualidade das produções recentes da HBO. 

2 comentários:

Hugo disse...

Não conhecia o filme e como a maioria das produções HBO, parece ser bem interessante.

Abraço

thicarvalho disse...

Hugo é um trabalho diferenciado. Vale a pena. Abs.