segunda-feira, 14 de abril de 2014

Capitão América 2 faz Marvel consolidar vantagem para DC dentro do universo cinematográfico


Capitão América 2 - O Soldado Invernal nem bem chegou aos cinemas e a sua lucratividade vem chamando a atenção em todo mundo. Dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, o longa já faturou mais de US$ 460 milhões** em todo o mundo. Um resultado que faz o estúdio sonhar com a possibilidade desta continuação ultrapassar a barreira de um bilhão de dólares em bilheterias, fato que dentro da Marvel só aconteceu com Os Vingadores (US$ 1.518,6**) e Homem de Ferro 3 (US$ 1.215,4**). (Atualizado: com sete semanas em cartaz os números chegaram a US$ 703 milhões). Melhor do que esses números, no entanto, é o fato da Marvel Comics cada vez mais consolidar sua vantagem para a DC dentro do universo cinematográfico. Se analisarmos as adaptações envolvendo as duas rivais dos quadrinhos, independente de estúdios e distribuidoras, nesse momento a Marvel já teria uma rentabilidade maior do que a sua grande rival. Com 33 longas baseados em seus personagens, contra 25 da DC, a Marvel faturou uma média de US$ 224 milhões** nos EUA, enquanto a DC arrecadou cerca de US$ 201 milhões**. Já num panorama mundial, o sucesso da Marvel é igualmente expressivo. Enquanto seus longas renderam cerca US$ 414 milhões em média*, Superman e cia conseguiram cerca de US$ 332 milhões*. (Atualizado: Com o bom desempenho de O Espetacular Homem-Aranha 2 em cenário internacional, essa média mundial dos filmes da Marvel chegou a US$ 424 milhões.) Vamos entender então como a Marvel conseguiu alcançar esse status.


Rivais desde a década de 1940, a Marvel assistiu a DC tomar iniciativa e dominar a transição dos quadrinhos para o cinema. Em plena década de 1960, com a explosão da série de TV sobre o Homem-Morcego, Batman: The Movie é lançado nos cinemas. Inspirado muito mais na série estrelada por Adam West, do que propriamente nos quadrinhos, o longa teve um desempenho mediano e faturou cerca de US$ 1,7 milhão* nos EUA e Canadá. No entanto, só mesmo na década de 1970 saiu o primeiro grande lançamento baseado em quadrinhos. Enquanto a Marvel se recuperava de problemas financeiros, a Warner Bros resolveu apostar no mais clássico personagem da DC. Foi assim que em 1978 o estúdio lançou Superman. Popularizando Christopher Reeve no papel do Homem de Aço, o longa faturou quase US$ 480 milhões** só nos EUA. Empolgada pelo sucesso financeiro, a Warner seguiu abrindo espaço para as sequências. Com uma nítida queda de qualidade, o estúdio apostou em Superman 2 (1981), que arrecadou nos EUA US$324,946,300**, Superman 3 (1983) e nos fracassos de bilheteria Supergirl (1984) e Superman IV (1987). Só então, no ano de 1986, a Marvel teve o seu primeiro personagem levado aos cinemas. E quem esperava Steve Rogers, Bruce Banner ou Thor acabou se contentando com o modesto Howard: O Pato. Numa das adaptações mais esdrúxulas da história do cinema, o longa foi um fracasso retumbante faturando "apenas" US$ 36 milhões** nos EUA. 

Batman amplia êxito da DC na década de 1990

Enquanto se recuperava dos recentes fracassos, a Warner Bros acabou apostando as suas fichas em um novo personagem da DC. Em 1989, sob a batuta do diretor Tim Burton (Edward - Mãos de Tesoura), o estúdio lançou Batman. Sucesso de público e crítica, o longa faturou mais de US$525 milhões** só nos EUA. Embalado pelo êxito do homem morcego, a Warner lançou sequencialmente Batman: O Retorno (1992), Batman Eternamente (1995) e Batman e Robin (1997). Ainda que este último tenha sido muito questionado pela crítica e pelos fãs, Batman já era uma das mais rentáveis franquias dos quadrinhos nos cinemas. Foi no final da década de 1990, porém, que as coisas começaram a mudar. Enquanto a DC viu a medonha estreia de Aço (1997), que faturou risíveis 3 milhões de dólares* em todo mundo, a Marvel se surpreendeu com o sucesso de Blade (1998). Longe de ser o personagem mais rentável dos quadrinhos, o vampiro que podia andar de dia ganhou uma versão bacana nas mãos de Wesley Snipes (Assalto sobre Trilhos). Dirigido por Stephen Norrington (A Liga Extraordinária) e produzido por Avi Arad (o primeiro grande midas da Marvel nos cinemas) o longa do estúdio New Line faturou cerca de US$ 124 milhões* nos EUA e representou - finalmente - a entrada da Marvel nos cinemas.


Não demorou muito, aliás, para a dupla Stan Lee (a direita) e Jack Kirby (a esquerda) começar a figurar nas telas dos cinemas com a sua turma de super-heróis. Logo na virada do século, mais precisamente no ano 2000, veio o estrondoso sucesso chamado X-Men. Sob a produção de Arad, o longa estrelado por Hugh Jackman (Os Miseráveis) e desenvolvido pela FOX representou a entrada dos mutantes nas salas de cinema. Desde então foram mais cinco longas, somando cerca de US$ 2.3 bilhões* em bilheterias por todo mundo. Vale destacar, no entanto, que X-Men significou também a estreia do produtor Kevin Feige, hoje Presidente e atual grande midas da Marvel Studios. Embalado pelo sucesso dos mutantes, outros estúdios começaram a explorar o potencial das histórias em quadrinhos da Marvel. Rivalizando com a Fox e a New Line, a Sony resolveu apostar as suas fichas em Homem Aranha (2002). Dirigido por Sam Raimi (Evil Dead), o longa se tornou o primeiro recorde de bilheteria dos personagens da Marvel. Estrelada por Tobey Maguire, o longa faturou mais de 850 bilhões de dólares** em todo mundo, rendendo duas continuações: Homem Aranha 2 (2004) e Homem Aranha 3 (2007). O curioso é que apesar de todo o sucesso recente da franquia envolvendo Os Vingadores, a trilogia original da Sony figura entre as cinco maiores bilheterias de personagens da Marvel nos EUA. Ao lado de O Espetacular Homem Aranha, reboot da série lançado em 2012, o herói aracnídeo faturou em todo mundo mais de U$$ 3 bilhões de dólares*. Ainda que Blade Trinity (2004), O Justiceiro (2004) e Elektra (2005) tenham fracassado, e que Hulk (2003) e O Quarteto Fantástico (2005 e 2007) não tenham conseguido resultados expressivos, os sucessos de Homem-Aranha e X-Men foram o suficiente para a Marvel equilibrar as ações nos cinemas.


Percebendo o crescimento dos heróis Marvel no cinema e a lucratividade da Fox e da Sony com as suas franquias, a Warner resolveu apostar num reboot de Batman. Oito anos após o lançamento do terrível Batman e Robin, o cultuado diretor Christopher Nolan lança Batman Begins (2005). Com um tom mais sério e Christian Bale como protagonista, o longa faturou cerca de US$ 267 milhões de dólares** nos EUA, consolidando a volta do homem-morcego aos cinemas. Embalado pelo êxito comercial de Batman, a Warner tentou revitalizar outra franquia de sucesso. No ano seguinte, em 2006, foi lançado o contestado Superman: O Retorno. Com uma série de apostas erradas e um tom que incomodou os grandes fãs, o longa não fez o sucesso esperado. Ainda que tenha faturado cerca de U$$ 255 milhões** em solo americano, o filme foi considerado um fracasso pelo alto custo de produção. Pra se ter uma noção, enquanto Batman Begins foi lançado por cerca de 150 milhões de dólares, Superman: O Retorno custou 270 milhões. No entanto, o fracasso não abalou a Warner e dois anos depois o estúdio lança Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008). Marcado pelo genial Coringa interpretado por Heath Ledger, que acabou falecendo logo após as filmagens, a continuação foi avassaladora em todo mundo. Com orçamento de quase US$ 185 milhões, o longa faturou mais de U$$ 1 bilhão em escala global, se tornando o primeiro trabalho inspirado em personagens da DC a ultrapassar essa barreira. Lucratividade mantida, aliás, em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Ponto final da trilogia comandada por Nolan, o longa faturou um pouco mais de US$ 1 bilhão e deixou a Warner confiante com relação ao seu próximo projeto: O Homem de Aço. Lançado em 2013, o longa dirigido por Zack Snyder (300) teve também um resultado expressivo. Mantendo o tom mais sério e apostando em Henry Cavill como protagonista, o novo Superman faturou mais de US$ 665 milhões em todo mundo. Resultado que, no entanto, não foi suficiente para a DC recuperar a sua hegemonia nos cinemas.

Sacada de mestre da Marvel ?

Isso porque em 2008, a Marvel teve a sua grande sacada de mestre. Enquanto a DC via alguns de seus personagens receberem péssimas adaptações, vide Mulher Gato (2004), Jonah Hex (2011) e O Lanterna Verde (2011), e outros não serem tão rentáveis, como o excelente Watchmen (2009), a gigante dos quadrinhos resolveu assumir as rédeas de suas criações. Foi assim que a Marvel Studios, criada em 1993 por Avi Arad, estreou nos cinemas lançando Homem de Ferro. Dirigido por John Favreau e produzido pela dupla Arad e Feige, o longa fez um enorme sucesso em todo mundo. Apostando em um personagem que não era tão popular junto ao grande público, mas que ganhou uma impagável roupagem nas mãos de Robert Downey Jr, Homem de Ferro faturou mais de US$ 585 milhões* em todo mundo. Fato que acabou abrindo passagem para a tão esperada iniciativa Vingadores. Apostando nos personagens em que ainda possuía os direitos, a Marvel lançou sequencialmente O Incrível Hulk (2008), Homem de Ferro 2 (2010), Thor (2011) e Capitão América (2011), todos com grande sucesso junto ao público. Feito que, aliás, só se multiplicou com o lançamento de Os Vingadores (2012), ainda hoje, a terceira maior bilheteria de todos os tempos. Conduzido pelo fã e diretor Joss Whedon, o ápice da fase 1 da Marvel faturou mais de US$ 1,5 bilhão** em todo mundo. Números que continuaram crescendo com os lançamentos de Homem de Ferro 3, que apesar das críticas também ultrapassou a barreira do bilhão de dólares, de Thor: O Mundo Sombrio (2013), que faturou mais de US$ 640 milhões, e do recente Capitão América 2 - O Soldado Invernal (2014).


Embalado pelo sucesso de seu próprio estúdio, a Marvel acabou alcançando lugar de destaque nesta rivalidade envolvendo as duas gigantes dos quadrinhos nos cinemas. Enquanto a DC segue muito dependente da Warner Bros, que adiou o lançamento de Batman vs Superman para 2016, a Marvel virou uma máquina de produzir - bons - filmes. Desde 2008 já foram nove lançamentos, com mais de US$ 6 bilhões* em bilheterias por todo mundo. Além disso, seus outros personagens estão espalhados por diversos estúdios. Tanto que ainda neste ano teremos o lançamento de O Espetacular Homem-Aranha 2 (Sony), de X-Men: Dias de um futuro Esquecido (Fox), em maio, e a aguardada estreia de Os Guardiões da Galáxia (Marvel), previsto para Julho. Melhor para o espectador que só ganha em entretenimento com a competição - agora nos cinemas - desses dois monstros dos quadrinhos. 

(*) Valores sem correção monetária.
(**) Valores já atualizados.

Fonte: Box Office Mojo

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