quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Um Lugar Qualquer


Um dos mais sensíveis filmes dos últimos anos


Parece que a jovem diretora Sofia Coppola herdou os genes cinéfilos do seu pai, o "poderoso" Francis Ford Coppola. Apesar da curta carreira, Sofia demonstra saber bem o que quer como cineasta deixando transparecer não só o talento na condução dos filmes, como também a expressividade apresentada por eles. Foi assim em Encontros e Desencontro, em Maria Antonieta e agora no drama Um Lugar Qualquer. Conseguindo retratar com extrema felicidade o vazio existencial por trás do estrelato, Sofia Coppola nos brinda com um filme rico em sentimentos, muito bem apresentados pelo excepcional elenco. 

Com roteiro assinado pela própria Sofia Coppola, como não podia deixar de ser, a trama opta por dar foco a rotina de um astro Hollywoodiano. Se apoiando nas suas próprias experiências, já que a diretora conhece bem este universo pois foi criada em meio a sets de filmagens, Um Lugar Qualquer aposta numa narrativa delicada e ao mesmo tempo melancólica para destacar os relacionamentos de um astro do cinema - aqui o mundialmente famoso Johnny Marco (Stephen Dorf).  Vivendo em meio ao frenesi da produção cinematográfica, Marco vê tudo mudar quando em uma acidente no set, acaba fraturando um braço. Buscando a recuperação, Marco começa a refletir sobre a sua atribulada rotina de vida e chega a um resultado preocupante: aquilo não o satisfaz mais. Tudo muda, no entanto, quando sua filha Cleo (Ellie Fanning) aparece em sua vida, acrescentando um sopro de esperança e dando, talvez, o incentivo para que ele comece a mudar. 

Apesar da trama soar clichê, Sofia Coppola consegue fugir do lugar comum ao retratar com extremo realismo a relação entre pai e filha, e como ela modifica a rotina do astro. Apostando em uma narrativa cheia de cortes e bastante intimista, o roteiro destaca bem o universo "deprê" do ator - a cena da dança erótica é hilária - conseguindo explorar com primor o vazio por trás da vida de Johnny Marco. Apostando em sequencias lentas, quase sem som, e intensamente focadas no talento de Stephen Dorph, a diretora deixa claro que Ferraris, belas mulheres e festas já não se mostram tão interessantes para o ator. Ao mesmo tempo, com a entrada de Ellie Fanning na trama, o filme ganha em cor, em delicadeza e assume uma estética otimista, muito bem recriada por Coppola. Esse contraste, aliás, deixa nítido a transição do personagem de Dorff que, sem melodramas, cresce durante a trama apoiado no talento da dupla de protagonistas. 

Em uma interpretação extremamente intensa, Stephen Dorff (Imortais) mostra talento na pele do astro hollywoodiano Johnny Marco. Conseguindo trazer certo ar blasé ao personagem, Dorff destaca com expressividade os sentimentos do seu personagem e os duelos internos por quais ele passa. O resultado é uma atuação tocante e visivelmente natural. Do outro lado da corda está Ellie Fanning (Super 8), que aos poucos começa a sair da sombra de sua irmã Dakota e mostra uma ótima química com Dorff. Apresentando uma beleza magnética, Fanning mostra luz própria e cria um personagem que mistura maturidade e inocência de forma impressionante. A cena do café da manhã no hotel é prova disso.

Esse é Um Lugar Qualquer, uma experiência cinematográfica intimista que há muito não se via no cinema.  Combinando boa direção, grandes atuações e ótima trilha sonora - composta pela banda Phoenix - o longa é um retrato particular do que muitos não conhecem por trás do estrelato. Méritos principais para Sofia Copolla, que consegue levar as suas próprias experiências para o longa, transformando a relação entre um pai e sua filha num dos mais delicados dramas da última década.


3 comentários:

Alexandre disse...

Thiago, parabéns pelo blog. É um dos melhores blogs de cinema que eu já vi. Aliás, falando em blog de cinema, dá uma olhada no meu lá: http://ellokoecia.blogspot.com

Não vi o filme ainda, mas tenho duas razões para ver. Uma é que Sofia Coppola é uma baita diretora. O segundo é que depois de ver Super 8, gamei no trabalho da atriz Elle Fanning. É uma das melhores promessas para Hollywood nos próximos anos. As atuações da atriz só ficam atrás da também jovem Saiorse Ronan (Um Olhar do Paraíso, Desejo e Reparação, Hanna- queria uma crítica desse última aqui no seu blog) que manda ver sempre que pode.

Enfim, parabéns mais uma vez e que o blog continue a todo vapor, pois nós, amantes da sétima arte, precisamos de espaços assim.

thicarvalho disse...

Poxa Alexandre fico mto feliz com as suas palavras. Realmente com trabalho e problemas do dia a dia fica difícil manter este espaço, mas na medida do possivel vou escrevendo sempre. Vou te adicionar aqui na barra de blogs e mais uma vez obrigada pela visita.

Obs: Veja o filme pq vc vai gostar.

thicarvalho disse...

Quanto a Hanna, já vi e gostei mto. Realmente Saoirse é uma baita atriz, mas ainda aposto mais em Ellie. Como vc disse em Super 8 ela está incrivel.