Robin Hood tinha todos os pré-requesitos para ser um dos grandes filmes de 2010. Direção de Ridley Scott, um elenco de peso, com nomes do quilate de Russel Crowe e Cate Blachett, um investimento grandioso e uma história realmente promissora. Porém, assim como faltou inovações ao Alice de Tim Burton, e ritmo ao Ilha do Medo de Scorsese, o erro de Scott foi pecar na pouca originalidade de Robin Hood. Repetindo a fórmula apresentada nos igualmente grandiosos Gladiador e Cruzada, Scott nos brinda com um trabalho que poderia ter um resultado bem mais empolgante, mas que ainda sim, consegue ser melhor do que muitas produções apresentadas neste ano.
Com grandiosidade comum à toda sua carreira, Ridley Scott soube conduzir bem a feliz ideia de apresentar a origem do mito Robin Hood. Diferente de todas as história conhecidas até então, o diretor tentou mostrar a realidade por trás do lendário justiceiro. Para isto, assim como já havia feito em Cruzada, Scott tem a preocupação de destacar a fidelidade histórica dos personagens apresentados. Nomes como o Rei Ricardo Coração de Leão, o Rei João e o principe Felipe são retratados de maneira verossímil. E esta caracteristica acaba se revelando um dos pontos fortes em um roteiro que peca pela falta de originalidade. Baseado na obra literária de Brian Helgeland, Ethan Reiff e Cyrus Voris, o roteiro escrito pelo próprio Helgeland bebe da fonte de clássicos como Gladiador e mostra a jornada de consagração do personagem Robert Longstride, o homem por traz do mitológico Robin Hood. Sem conseguir fugir do lugar comum, o roteiro acaba se apegando a soluções pouco criativas para dar ritmo à trama. O resultado são algumas coincidências, que se mostram realmente difíceis de acreditar.
A trama traz a história de Robin Longstride (Russell Crowe), um arqueiro que integra o exército do rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), durante as cruzadas. Após a morte do rei, ele consegue escapar juntamente com alguns companheiros. Em sua tentativa de fuga o grupo encontram Sir Robert Loxley (Douglas Hodge), que tinha por missão levar a coroa do rei morto a Londres. Loxley foi atacado por Godfrey (Mark Strong), um inglês que serve secretamente aos interesses do rei Filipe, da França. À beira da morte, Loxley pede a Robin que entregue a seu pai uma espada tradicional da família. Ele aceita a missão e, vestido como se fosse um cavaleiro real, parte para Londres. Após entregar a coroa ao príncipe João (Oscar Isaac), que é nomeado rei, Robin parte para Nottingham. Lá conhece Sir Walter (Max von Sydow) e Marion (Cate Blanchett), respectivamente pai e esposa de Loxley. O grupo acaba encontrando a tranquilidade que tanto sonhavam em Nottingham, até que o inescrupulos Godfrey, agora sob o comando do Rei João, começa a sequear vilas, levando terror aos moradores.
O curioso, é que mesmo utilizando fórmulas repetidas, Robin Hood consegue prender a atenção do espectador. E isto se deve a ótima direção de Ridley Scott. Explorando a excelente fotografia de John Mathieson, o filme consegue mostrar todo o lado sujo e violento da Idade Média. Com cenários brilhantes, e takes que sabem utilizar o poder deste recurso, Scott mostra mais uma vez que sabe fazer um filme épico. Todas as cenas de batalhas, por mais previsiveis que possam parecer, são ótimamente filmadas, trazendo um ar inovador para as cenas. Destaco em especial a invasão Francesa via mar. Utilizando câmeras flutuantes, Scott traz o espectador para perto das embarcações, mostrando um ponto de vista nunca antes visto. Além disto, o diretor explora como ninguém a bela paisagem britãnica, destacando muito bem os contrastes entre as cores e os diversos tipos de relevos.
Se Ridley Scott consegue cumprir o seu papel, o elenco tambem não deixa a desejar. O grande destaque fica para a convincente atuação de Russel Crowe (Gladiador), a quinta sob o comando de Scott. Como de costume o ator tem uma apresentação segura e equilibrada, conseguindo encarnar com primor o espírito do personagem Robin Hood. Como par romântico de Robin, coube a Cate Blanchett (Elizabeth) a responsabilidade de interpretar a personagem Marion. Assim como Crowe, a atriz tem uma atuação segura, como de costume, mas o casal não demonstra A quimica esperada. Por sorte, ou talvez percepção, Scott não explora muito a relação entre os dois, mas sim, a de Robin com Sir Walter Loxley, ótimamente interpretado por Max Von Sydow. Por falar em química, se a do casal não funciona bem, a dos amigos Robin (Crowe), João Pequeno (Kevin Duran), Allan (Alan Doyle) e Will (Scott Grimes) é realmente eficiente. Como produtor do longa, Crowe escolheu a dedo cada ator, visando trazer veracidade a esta relação. Além deles, o longa ainda conta com ótimas atuações de Mark Strong (Sherlock Holmes), que está se especializando em fazer bons vilões, Mark Addy (Coração de Cavaleiro) muito bem na pele do Frei Tuck, Danny Huston (30 Dias de Noite) e a supreendente atuação de Oscar Isaac, muito bem na pele do inexperiente e autoritário Rei João.
Entre erros e acertos, Robin Hood é mais um daqueles filmes que prometeram mais do que cumpriram em 2010. Explorando a grandiosidade e esquecendo a originalidade, Robin Hood é "apenas" uma boa diversão. O que sem dúvidas, é pouco para Ridley Scott. Ainda sim, o longa não deixa de ser uma interessante opção de entretenimento, principalmente para aqueles que curtem o trabalho do diretor.
Por que assisitr ?
- Pela grandiosidade apresentada por Ridley Scott.
- Pela qualidade do elenco.
- Por contar a origem do lendário personagem Robin Hood.
3 comentários:
A opinião está a dividir-se imenso mas eu espero, assim como tu dizes, um épico de Scott.
Abraço
Cinema as my World
A única razão que me motiva a ir ao cinema é ser Ridley Scott, e vc dizendo que por ele vele, devo assistir em breve.
abraços
Nekas não tenha dúvidas q ele consegue sim ser um épico de Scott. Não no mesmo nível de Gladiador, por exemplo, mas ainda sim uma boa diversão. Veja pq no mínimo é uma boa diversão. Abraços.
Acredito q vc possa até se surpreender com o resultado. Pelas péssimas criticas q tinha lido esperava uma "bomba". Mas o q vi foi um trabalho que se não foi é excelente, garantiu 2 h e 30 de entretenimento. Claro q esperava mais, mas é nítido o talento de Scott para "salvar" o longa. Veja sim ! Abraços.
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