Só pela a trilha sonora, Jovens, Loucos e Rebeldes (1993) já merece ser tratado como um filme indispensável para os fãs da sétima arte. Reunindo uma playlist de clássicos da década de 1970, incluindo os hits 'Sweet Emotion', do Aerosmith, 'Rock and Roll all Nite', do Kiss e 'School out for Summer', do Alice Cooper, o longa dirigido pelo talentoso Richard Linklater (Boyhood) é um deleite para os ouvidos do espectador. Felizmente, o filme não se resume ao aspecto sonoro. Através de um relato vigoroso e absolutamente naturalista, o realizador norte-americano retorna a década de 1970 para estudar a sua própria geração, escancarando o vazio e os anseios mais básicos da juventude daquele período.
Sem qualquer tipo de hipocrisia, ao longo das envolventes 1 h e 40 min de duração Linklater acompanha o primeiro dia de férias de uma garotada sedenta por diversão, identificando os grupos, a rotina e os primeiros contatos com os "fantasmas" da vida adulta. Também responsável pelo argumento, o realizador é sagaz ao dividir a trama em três arcos extremamente simples, acompanhando este tão esperado dia sob o ponto de vista dos inseguros calouros Mitch (Wiley Wiggins) e Sabrina (Christin Hinojosa), dos existencialistas Mike (Adam Goldberg), Cynthia (Marissa Ribisi) e Tony (Anthony Rapp) e dos atletas veteranos Pink (Jason London) e Don (Sasha Jenson).
Sem qualquer tipo de hipocrisia, ao longo das envolventes 1 h e 40 min de duração Linklater acompanha o primeiro dia de férias de uma garotada sedenta por diversão, identificando os grupos, a rotina e os primeiros contatos com os "fantasmas" da vida adulta. Também responsável pelo argumento, o realizador é sagaz ao dividir a trama em três arcos extremamente simples, acompanhando este tão esperado dia sob o ponto de vista dos inseguros calouros Mitch (Wiley Wiggins) e Sabrina (Christin Hinojosa), dos existencialistas Mike (Adam Goldberg), Cynthia (Marissa Ribisi) e Tony (Anthony Rapp) e dos atletas veteranos Pink (Jason London) e Don (Sasha Jenson).
Dentro deste cenário, Linklater se esquiva dos clichês do gênero ao construir um recorte leve e universal, uma abordagem condizente com os dilemas dos seus personagens. Ou seja, temas como o bullying, a inclusão, o sexo, as drogas e o futuro ditam o rumo da película, ganhando corpo através de tipos interessantes e de uma narrativa propositalmente descompromissada. Ainda que os estereótipos estejam lá, temos o maconheiro boa praça, o valentão estúpido, o babaca agressivo, o traficante mais velho, Linklater evita se render ao tom unidimensional, permitindo que cada um dos personagens ganhe traços únicos e identificáveis junto ao espectador. Com destaque para a personalidade do inteligente Mitch, para o inconformismo do reflexivo Mike e para a impetuosidade do popular Pink.
Nas entrelinhas, no entanto, Linklater é sutil ao questionar a superficialidade daquela geração. Apesar do clima festivo e da aura descolada, o realizador cria um inegável incomodo ao revelar a ausência de rumo, a estupidez e a imaturidade de alguns dos seus personagens, principalmente junto àqueles que já experimentaram esta fase da vida, numa crítica ainda hoje atual e honesta. Vide a excelente sequência final, quando as primeiras estrofes do hit 'Sunshine of Your Love', da banda Cream, parecem servir como um alerta para o impulsivo protagonista. Por falar em protagonismo, recheado de rostos hoje conhecidos, o elenco é um dos maiores trunfos desta excelente obra. Trazendo nomes como os de Matthew McConaughey, Ben Affleck, Milla Jovovich, Adam Goldberg e Parker Posey, o longa encontra a sua força na naturalidade dos jovens Jason London e Wiley Wiggins. Donos dos melhores personagens da trama, enquanto o primeiro adiciona um bem vinda complexidade ao tipo popular, o segundo rouba a cena como um calouro esperto que cai nas graças dos veteranos.
Em suma, ao falar a voz das novas gerações, Jovens, Loucos e Rebeldes merece ser classificado como um dos mais preciosos relatos sobre a juventude moderna. Uma obra simples e natural, tal qual as principais produções de Richard Linklater. O diretor, aliás, voltou ao tema de maneira mais complexa e igualmente inspirada no reflexivo Suburbia (1996), no intenso Amargo Reencontro (2001) e no aclamado Boyhood (2014).
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