segunda-feira, 20 de outubro de 2014

De astro renegado à sucesso da Marvel, Robert Downey Jr dá a volta por cima impulsionado por Tony Stark


Ele já foi galã teen, Charlie Chaplin e hoje faz um estrondoso sucesso como o excêntrico Tony Stark. No meio deste caminho, no entanto, as drogas, as confusões e os problemas com a polícia quase arruinaram a sua carreira. Este é Robert Downey Jr., um "ex-badboy" de 49 anos que deu a volta por cima ao dar vida ao herói Homem de Ferro. Novamente um dos protagonistas de Vingadores - A Era de Ultron (confira a nossa crítica aqui), e um dos pivôs da crise que será instaurada em Capitão América - Guerra Civil, o ator deve receber - de acordo com a Variety - cerca de US$ 40 milhões para estrelar o primeiro lançamento da fase 3 da Marvel nos cinemas. Eleito o ator mais bem pago de Hollywood em 2013 e 2014, segundo a conceituada revista Forbes, Downey Jr. deixa assim as especulações sobre o seu futuro na franquia de lado e se consagra como um dos elementos mais importantes dentro deste "poderoso" grupo de super-heróis.


Antes de se transformar no "gênio, bilionário, playboy e filantropo" Tony Stark, que parece cada vez mais presente na sua própria personalidade, Robert Downey Jr. teve que superar muitos dos dilemas que geralmente acompanham esta rápida ascensão. Filho do ator e diretor Robert Downey (Hugo Pool), ele não demorou muito para conseguir destaque. Após papéis coadjuvantes em Quando se Perde a Ilusão (1984), Tuff Tuff - O Rebelde (1985), Mulher Nota Mil (1985) e De Volta as Aulas (1986), Downey Jr. ganhou status de galã juvenil em O Rei da Paquera (1987), onde dividiu a tela com a estrela teen Molly Ringwald (Clube dos Cinco). Nesse mesmo ano, aliás, o ator chamou a atenção da crítica em Abaixo de Zero, longa que explorou a sua pegada mais dramática e evidenciou que o estrelato era questão de tempo. Não demorou muito para que ele estrelasse os elogiados 1969 - O Ano que Mudou as Nossas Vidas (1988), O Céu se Enganou (1989) e Air America - Loucos pelo Perigo (1990). O maior sucesso da primeira fase de sua carreira, porém, viria com Chaplin (1992), cinebiografia do gênio Charlie Chaplin. Aclamado pela crítica e pelo público, Robert Downey Jr. se consolidou como uma realidade em Hollywood ao ser indicado ao Oscar de Melhor Ator. 
  
As drogas e o "quase" ponto final de sua carreira


Os problemas com as drogas, no entanto, começaram a se tornar mais latentes. Usuário de maconha desde os oito anos, quando foi apresentado a esse mundo pelo seu próprio pai, o ator já havia deixado uma má impressão ao se separar de Sarah Jessica Parker, no ano de 1991, em função do vício. Ainda assim, empurrado pelo status de estrela, Downey Jr. emplacou uma sequência de trabalhos maiores, com destaque para Morrendo e Aprendendo (1993), Short Cuts - Cenas da Vida (1993), Assassinos por Natureza (1994), Ricardo III (1995), Feriado em Família (1995) e O Outro lado da Nobreza (1995). O ano de 1996, porém, marcou a grande recaída do ator. Entre internações em clínicas de reabilitação, ao todo foram três, e prisões, por posse de drogas, armas e invasão à domicílio, Robert viu a sua carreira definhar com trabalhos oscilantes. Vivendo o seu pior momento, que se estendeu até o ano de 2001, o ator estrelou alguns longas interessantes, com destaque para Até que a Morte nos Separe (1998), U.S Marshall - Os Federais (1998) e Garotos Incríveis (2000).


De estrela à coadjuvante, Robert Downey Jr. chegou a ficar um ano detido, passando não só por clínicas de reabilitação, como também por uma prisão na Califórnia. Solto no ano 2000, o ator ganhou uma chance de voltar aos holofotes na série de TV Ally McBeal. Mesmo sendo coadjuvante ele conseguiu destaque, levou um prêmio do Globo de Ouro em 2001, e se manteve na série após novamente ser detido por posse de drogas. Os problemas, no entanto, seguiram acontecendo, o que ocasionou a sua demissão após duas temporadas. De vota aos cinemas, Robert Downey Jr. estrelou o longa The Singing Detective (2003). Contando com a ajuda de Mel Gibson, que teria pago do seu bolso um seguro contra qualquer dano proporcionado por Robert, o longa representou o ponto de partida de uma nova fase de sua carreira. Nesse mesmo ano, aliás, o ator coestrelou o suspense Na Companhia do Medo, contracenando com Halle Berry e Penélope Cruz. Neste trabalho, inclusive, Robert conheceu a sua atual esposa Susan Downey, produtora de Hollywood e grande responsável por sua recuperação. De volta às clínicas de reabilitação, após o ultimato da então namorada, Downey Jr. finalmente se mostrou disposto a colocar um ponto final no uso de drogas, e admite que não usa qualquer substância ilícita desde 2004. 

A volta por cima em 2008


Já em 2005, ano que marcou o casamento de Susan e Robert, o ator voltou a mostrar o seu verdadeiro talento em Beijos e Tiros. Sob o comando de Shane Black, Downey Jr. se destacou com um ator fracassado, com problemas com a bebida. Demonstrando naturalidade ao conceber esse personagem, no melhor estilo a arte imita a vida, ele abriu espaço para outros papéis de destaque em Boa Noite, Boa Sorte (2005), O Homem Duplo (2006) e Zodíaco (2007). Dirigido, respectivamente, por George Clooney, Richard Linklater e David Fincher, o ator comprovou em cena que estava pronto para recuperar o seu prestígio, o que acabou acontecendo no espetacular ano de 2008. Apostando no seu carisma, a Marvel viu em Robert Downey Jr. o nome ideal para dar o "start" nas atividades do estúdio com Homem de Ferro (2008). "Sou um fã do Homem de Ferro porque ele não é um herói comum. Tem problemas com a bebida, é mulherengo, carismático e agradável. É um personagem rico e repleto de defeitos.", revelou o ator em entrevista a revista Rolling Stones. Aparentemente sem muitas pretensões, a poderosa dos quadrinhos resolveu apostar num personagem menos conhecido do grande público, o que se revelou uma sacada de mestre. Deixando em segundo plano heróis populares como o Hulk, Capitão América e Thor, o longa de US$ 140 milhões faturou US$ 585 milhões em todo mundo, se tornando o estopim para o estrondoso sucesso da Marvel Studios.


Com o status de estrela recuperado, a cereja do bolo acabou sendo a inusitada comédia Trovão Tropical (2008). Recheado de humor negro e de metalinguagem, Robert Downey Jr. interpretou um afetado ator australiano que dá vida a um soldado durante a guerra do Vietnã. Tirando sarro da própria indústria de Hollywood, o longa fez grande sucesso, rendendo a segunda indicação ao Oscar para Downey Jr. Voltando a receber cifras milionária, o ator foi escalado também para uma outra poderosa franquia: Sherlock Holmes (2009). Responsável por dar uma visão pop ao clássico detetive britânico, o ator fez grande sucesso no papel, regressando para uma rentável sequência em 2011. Apesar destes bons desempenhos, foi o retorno a franquia Homem de Ferro que o classificou como um dos dez atores mais bem pagos de Hollywood, ocupando a sétima posição, em 2010, com US$ 22 milhões em salários. Com um orçamento de US$ 200 milhões de dólares, Homem de Ferro 2 (2010) faturou US$ 623 milhões, dando a certeza que a Marvel Studios estava no caminho certo. 

Tony Stark = milhões de dólares


E isso era só o começo. Em meio à alguns outros sucessos, como a comédia Um Parto de Viagem (2010), Robert Downey Jr. se dedicou de corpo e alma ao milionário Tony Stark. Com um rentável contrato assinado, o ator recebeu US$ 50 milhões de dólares para estrelar Os Vingadores, que se tornou a terceira maior bilheteria de todos os tempos com um faturamento de US$ 1,5 bi. O mesmo êxito, diga-se de passagem, se repetiu em Homem de Ferro 3 (2013). Por mais que os fãs mais exaltados tenham "torcido o nariz" para a continuação, o longa dirigido por Shane Black se tornou a sexta maior bilheteria de todos os tempos, com US$ 1,2 bilhões, comprovando o tamanho da importância de Downey Jr. dentro da franquia Os Vingadores. Vale destacar que com contrato previamente assinado para Os Vingadores 2, que estreia no primeiro semestre de 2015, o ator se tornou por duas vezes seguidas o mais bem pago de Hollywood, conseguindo US$ 75 milhões não só em 2013, mas também em 2014.


Com os cofres cheios, Robert Downey Jr. resolveu dar um novo passo em sua carreira. Ao lado da sua esposa e grande alicerce Susan Downey, o ator montou a produtora Team Downey, que promete ser a sua nova "casa criativa". Com pouco mais de quatro anos de inauguração, o primeiro trabalho da companhia chegou aos cinemas neste fim de semana, o drama de tribunal O Juiz. Estrelado por Robert Downey Jr. e Robert Duvall, o longa recebeu críticas mistas, mas os desempenhos dos dois protagonistas vem sendo muito elogiado. Encontrando na figura da atual esposa a "grande transição" para a sua retomada em Hollywood, Robert Downey Jr. não esconde que Susan se tornou a responsável por o livrar do vício. "É a fonte de todas as coisas boas", admitiu em entrevista recente ao Hollywood Reporter. Encarando os problemas do passado com grande naturalidade, ele faz questão de não esquecer os momentos ruins que quase colocaram um ponto final em sua carreira. "Não sou do tipo que gosta de lamentar. Simplesmente fechei a porta para o passado. E finjo que ele fez de mim uma pessoa melhor", revelou o ator em entrevista a Isto é Gente.


Exibindo sempre um grande carisma em suas aparições públicas, Robert Downey Jr. faz de sua autenticidade um elemento fundamental para essa incrível volta por cima. Se transformando numa espécie de Tony Stark do mundo real, o ator mostra através das suas atuações os motivos que o levaram a ser considerado um dos maiores talentos de sua geração. 

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