sábado, 15 de junho de 2019

Diretor de Romeu e Julieta e O Campeão, Franco Zeffirelli morre aos 96 anos


O mundo da arte perdeu hoje um dos seus mais expressivos realizadores. Reconhecido por grandes trabalhos no teatro e no cinema, o diretor Franco Zeffirelli faleceu neste sábado (15), aos 96 anos, de causas naturais. Em declaração a Associated Press, Luciano, filho do cineasta, afirmou que o pai morreu na sua própria casa e que se foi de forma "pacífica". Dono de uma filmografia enxuta, mas memorável, Zeffirelli foi um realizador reconhecido pela sua sensibilidade narrativa e pelo seu apreço ao clássico. Um apaixonado por William Shakeaspeare e pelo mundo da Ópera, ele ganhou o mundo com as elogiadas adaptações de A Megera Domada (1967), Romeu e Julieta (1968), La Traviata (1982), Otello (1986) e Hamlet (1990). Filmes grandiosos e glamourosos fieis à imponência do material fonte. Por trás da sua latente veia artística, entretanto, existia um religioso convicto e conservador, um homem de opiniões fortes e um tanto quanto questionadas. Um dos maiores críticos de A Última Tentação de Cristo (1988), Zeffirelli tentou impedir que o clássico de Martin Scorsese fosse exibido na Itália, algo impensável para um produtor cultural. Com uma visão muito mais tradicionalista sobre o dogma religioso, o diretor italiano entregou dois dos mais assistidos filmes do gênero da sua geração, os populares Irmão Sol, Irmã Lua (1972) e Jesus de Nazaré (1977). Durante muito tempo, aliás, a versão da Paixão de Cristo estrelada por Robert Powell foi amplamente exibida em solo brasileiro, em especial nos feriados cristãos. 


Responsável por um dos filmes mais tristes da história recente do cinema, Franco Zeffirelli tirou do papel a sua versão do 'hit' Rocky: O Lutador (1976) no marcante O Campeão (1979). Com Jon Voight na pele de um pugilista decadente e viciado em jogos, o realizador italiano construiu um poderoso drama familiar sobre um homem em busca de redenção aos olhos do seu querido filho T.J. Impulsionado pela monumental performance do jovem Ricky Schroder, o longa não conquistou o sucesso esperando na época do seu lançamento, mas triunfou nos anos seguintes no mercado doméstico e até hoje é lembrado pelo seu impiedoso clímax. O mesmo, porém, não podemos dizer do fiasco Amor sem Fim (1981). Estrelado pela jovem Brooke Shields, o romance brega foi detonado pela crítica, mas, ao menos, presenteou o público com o hit musical Endless Love, interpretado por Lionel Richie e Diana Ross. Seus últimos longas foram os sensíveis Chá com Mussolini (1999) e Callas Forever (2002), duas produções genuinamente femininas protagonizadas por nomes do quilate de Maggie Smith, Cher, Judi Dench, Lily Tomlin, Joan Plowright e Fanny Ardant. Dono de uma assinatura ímpar, oriunda da sua formação artística e do seu apreço pelos palcos das Óperas\Teatros, Franco Zeffirelli deixa um legado de filmes classudos, mas acessíveis, produções de alguém que sempre quis levar para o grande público as tradicionais peças\obras daqueles que o ajudaram a formar a sua visão cinematográfica. 

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