Procurando não se distanciar das fórmulas dos dois primeiros longas da série, Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da Tumba fecha a trilogia de forma realmente satisfatória. Novamente dirigido por Shawn Levy, o longa ganha um bem vindo frescor ao viajar para a Inglaterra, levando o segurança Larry e a sua turma de figuras histórias para uma última aventura ao lado de Lancelot e de algumas outras obras do Museu Britânico. Apostando num visual realmente caprichado, moldado para dar funcionalidade ao 3-D, e na interessante adição de algumas caras novas, com destaque para o verborrágico Lancelot vivido por Dan Stevens, o capítulo final desta trilogia acerta ao seguir se escorando nos personagens carismáticos, no humor para toda a família e numa premissa simples, mas eficaz. Amenidades que, diga-se de passagem, acabam potencializadas pela presença do saudoso Robin Williams, num dos últimos grandes trabalhos de sua carreira.
Equilibrando com destreza aventura e a comédia, o argumento assinado por David Guion e Michael Handelman opta por voltar a se concentrar na relação entre pai e filho. Se no primeiro longa o fracassado segurança Larry (Ben Stiller) conquista a atenção de seu filho ao apresentar a magia por trás do Museu de Nova Iorque, neste terceiro capítulo da série o dilema gira em torno do futuro do agora adolescente Nick (Skyler Gisondo). Se dedicando a uma série de apresentações noturnas dentro do museu, Larry acaba deixando de lado o seu filho, que parece disposto a deixar a universidade em segundo plano para se tornar um DJ em Ibiza. Em meio as estes problemas paternos, Larry vê a sua rotina ruir de vez quando a placa que dava vida aos personagens históricos parece perder a sua força, tornando a sua atração um grande fiasco. Disposto a manter vivos os seus amigos de cera, Larry decide ir a Londres para encontrar o faraó Merenkahre (Ben Kingsley), pai de Ahkmenrah (Rami Malek), e desvendar os problemas em torno do artefato. Contando com a ajuda de Teddy Roosevelt (Robin Williams), Jeddiah (Owen Wilson), Octavius (Steve Coogan) e do Neandertal Laaa (Ben Stiller), Larry terá que correr contra o tempo para salvar os seus amigos e fugir da obstinada guarda Tilly (Rebel Wilson) e do heroico Lancelot (Dan Stevens).
Utilizando os problemas paternos como um curioso pano de fundo, principalmente pela presença de Laaa, um homem das cavernas que acredita ser filho de Larry, Shawn Levy é habilidoso ao explorar os cartões postais e a vastidão de peças do Museu de Londres. Com efeitos visuais realmente caprichados, estátuas de ferro e mármore ganham vida de forma impecável, o longa consegue surpreender através de algumas sequências criativas, incluindo ai a luta dentro de um quadro de Escher. Momentos que, somados ao humor extremamente universal, amenizam o raso argumento e os pequenos problemas envolvendo o tal segredo da tumba. Com destaque para a adição do carismático Lancelot, que nas mãos de Stevens (Downton Abbey) rende não só algumas das boas piadas, a sequência do teatro é impagável, como também se torna o pivô das melhores sequências de ação. No último ato, no entanto, Levy se escora sem pudor no sentimentalismo barato, quebrando de forma bruta o rimo leve e descontraído do argumento. Em meio a um senso de urgência exagerado e algumas despedidas equivocadas, esta opção do roteiro só não incomoda graças ao talento de Robin Williams, que se torna o fio condutor desta parte mais emotiva da película. Cultivando sempre um sorriso no rosto, o seu Teddy Roosevelt esbanja - através de bons diálogos - um otimismo que pouco combina com o trágico desfecho de sua vida. Um desempenho que consegue traduzir com fidelidade toda a magia presente nesta franquia.
Por mais que nomes como os de Steve Coogan, Rebel Wilson, Ricky Gervais e Ben Kingsley sejam subaproveitados dentro da trama, Uma Noite no Museu 3 se mostra um desfecho digno e honestamente condizente à qualidade de toda a trilogia. Apostando sempre no humor extremamente familiar, Shawn Levy encontra numa trama simples e no apuro visual um caminho seguro para o capítulo final desta franquia. Um trabalho que, no entanto, acaba verdadeiramente potencializado pela marcante presença dos saudosos Mickey Rooney e, principalmente, Robin Williams, num desempenho que consegue destacar toda a descontração e o otimismo que nos acostumamos a encontrar em seus personagens.
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