No ano de 2001, Shrek revolucionou a indústria da animação. Se esteticamente a animação apresentada não era inovadora, a linguagem, completamente atualizada com humor afiado e voltada para ambos os públicos, popularizou o gênero junto ao as crianças e principalmente aos adultos. Descaracterizando personagens emblemáticos nas histórias infantis, os aproximando dos tempos atuais, Shrek conquistou milhares de expectadores, que sem dúvidas vão lotar as salas para assistir Shrek para Sempre, anunciado como o último filme da franquia. Após o apenas "engraçado" Shrek Terceiro, os fãs da série esperavam um final digno para a franquia. Não que esta nova obra repita o êxito dos dois primeiros longas, infelizmente as piadas já não são tão sarcásticas como as originais, mas é inegável que o longa é diversão garantida, principalmente para as crianças e os antigos fãs de série.
Dirigido por Mike Mitchell, o mesmo de Super Escola de Herois, o longa opta por apresentar os mesmos personagens dos filmes anteriores, só que com uma roupagem diferente. A trama mostra Shrek ainda como rei e com família constituída. Em pleno aniversário do seu filho, o ogro começa a perceber o quanto sua vida mudou, desde que deixou o pântano e passou a ser pai de família. Cansado da rotina, e sentindo falta da adrenalina de ser um ogro, Shrek firma um acordo com Rumpelstiltiskin, um mago que oferece a ele um único novo dia como "bom e velho" ogro. O que Shrek não sabia, é que por trás deste contrato existia um mundo paralelo, completamente distinto do conhecido reino de Tão, tão distante. Lá, ele terá que reconquistar a amizade de velhos amigos, como o Gato de Botas e o Burro, o amor de Fiona, e o lutar contra a tirania do agora rei Rumpelstilskin, para reconquistar o reino de Tão, tão Distante.
Com roteiro escrito por Josh Klausner e Darren Lemke, Shrek para Sempre tenta repetir a fórmula apresentada por Tim Burton em Alice no País das Maravilhas: a de tentar possibilitar uma nova trama se apoiando nos mesmo personagens. Porém, aqui o êxito é maior. Se no longa da Disney os personagens não apresentam novas características, em Shrek 4 eles não só apresentam, como estas rendem as melhores piadas. Principalmente com o Gato de Botas acima do peso, um burro "escravizado" por Bruxas e uma Fiona guerreira e revolucionária. Aliás, são elas o grande diferencial do roteiro, que novamente não apresenta muitas novidades. A maior delas, talvez, seja a presença do vilão Rumpelstilskin, um personagem realmente interessante que rende boas piadas, como a ótima sacada dos cabelos, se tornando um vilão à altura do possível último filme da série.
Apesar destes êxitos, a ação do longa, em alguns momentos, não consegue fugir da previsibilidade. Outra grande falha é a pouca exploração de personagens marcantes, como os ótimos Biscoito, Pinóquio e o Lobo mal travestido. Em diversos momentos, o filme sente falta do alívio cômico que estes personagens possibilitavam, como pôde ser bem visto no segundo longa. Ainda assim, o Gato de Botas e o Burro garantem boas risadas para o espectador. Se no humor o filme consegue manter o nível dos anteriores, a trama é um pouco melhor do que a apresentada em Shrek Terceiro. A premissa é bem conduzida, mas o desenvolvimento deixa a desejar, principalmente para aqueles que se encantaram com Shrek 1 e 2. Mesmo com boas cenas de ação, que em 3-D devem ficar ainda melhor, o filme sai devendo em alguns momentos da trama, que se apresenta óbvia demais. Nada que atrapalhe ou torne o longa menos divertido, mas sem dúvidas, deixa a impressão que poderia ter sido melhor desenvolvido.
Se a trama não é inovadora, a qualidade da animação continua muito boa. A construção do reino de Tão, Tão Distante, e seus personagens continuam ótimas, assim como as cenas no castelo de Rumpelstilskin, que se mostra extremamente detalhado. Além disso, vale parabenizar a equipe de animação pelas mudanças nas caracterização dos personagens. Sem perder a identidade, cada personagem ganha em novos aspectos físicos, que contribuem para o humor do longa. O gato de botas gordo é um show a parte, assim como o universo ogro apresentado neste filme, diga-se de passagem, pouco explorado no roteiro.Porém, se a animação mantém o nível, a trilha sonora não é nem rascunho dos longas anteriores. Famosos por trazer novas versões de clássicos, como a ótima I Need a Hero, do segundo longa, Shrek para Sempre se apega a trilha sonora padrão dos longas anteriores e não ousa.
Enfim, mesmo com alguns pontos negativos, Shrek para Sempre fecha com chave de ouro esta poderosa franquia, que sem dúvidas trouxe novos ares para a animação computadorizada. Mesmo não sendo o melhor da franquia, ao final da sessão, é impossível não sentir aquele gostinho de quero mais.
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