quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Cinemaniac Indica (O Homem de Aço)

Tom épico e grandioso marca este digno reinício para o principal herói da DC. 


Após o fraco Superman: O Retorno (2006), muitos não acreditavam na possibilidade de O Homem de Aço retornar aos cinemas. Demorou cerca de sete anos, é verdade, mas após a franquia original protagonizada por Christopher Reeve, finalmente o Super-Homem ganha um filme à altura de sua de sua importância para os fãs das histórias em quadrinhos. Contando com a direção sempre competente e inventiva de Zack Snyder (Watchmen e 300), efeitos visuais impactantes, trama bem resolvida e um elenco afiado, o longa peca por se levar a sério demais, mas se redime ao apostar as suas fichas em Henry Cavill, a escolha perfeita para dar novamente vida ao Homem de Aço.

Apostando em toda grandiosidade envolvendo a história por trás de Clark Kent, a trama assinada por David S. Goyer volta à origem do personagem da DC e começa narrando a destruição de Krypton. Nos últimos dias de seu planeta natal, Jor-El (Russel Crowe) e sua esposa Lara Lor-Van (Ayelet Zurer), decidem tentar dar mais uma chance para o seu filho, o recém-nascido Kal-El (Henry Cavill). De forma desesperada eles decidem encontrar outro planeta e transportar o seu filho pra lá em segurança. O problema é que o antes general das tropas de Krypton, Zod (Michael Shannon), decide aplicar um golpe contra o estado, e numa ultima tentativa de salvar o planeta, impedir que Kal-El mande seu filho para a Terra. Zod não consegue, e acaba exilado, enquanto Krypton é destruída. No nosso planeta, Kal-El passa a se chamar Clark Kent, sendo criado pelo fazendeiro Jonathan Kent (Kevin Costner) e sua esposa Martha (Diane Lane). Em meio às dificuldades de se adaptar a vida na Terra, Clark Kent acaba crescendo e passa a questionar o seu passado. Paralelamente a isso, a curiosa jornalista Lois Lane se mostra intrigada com uma investigação envolvendo uma possível nave alienígena encontrada no Canadá. O que os dois não sabiam é que, após anos de exílio, o General Zod estava de volta, e com planos sombrios não só para Clark Kent, como também pelo nosso planeta.


Em cima desta bem desenvolvida trama, repleta de toques Sci-Fi, Snyder e Goyer fazem um ótimo trabalho neste reinício do personagem da DC nos cinemas. Toda a introdução dos personagens Jor-El (Crowe) e General Zod (Shannon), além da destruição de Krypton, são muito bem apresentadas ao espectador, agradando não só aos fãs mais antigos, como também aos marinheiros de primeira viagem. Como se não bastasse isso, Goyer desenvolve muito bem o processo de evolução de Clark Kent na Terra, e a relação com seus padastros. Apesar de serem um tanto quanto excessivos, os flashbacks acabam funcionando, principalmente pelos bons desempenhos de Kevin Costner e do próprio Henry Cavill. Com esses dois pontos bases bem apresentados, o roteiro não tem muita dificuldade em unir os dois mundos, permitindo que a trama acabe tendo um excelente ritmo e um clímax arrebatador. O grande problema do roteiro assinado por David S. Goyer, no entanto, fica pelo fato dele se levar a sério demais. Seguindo a estética "realística" do Batman assinado por Christopher Nolan, que inclusive tem participação na concepção da trama, o novo Homem de Aço acaba tendo um excessivo tom épico. Outra falha aparente, mas que não influencia tanto no resultado do longa, fica pelo relacionamento entre Clark e Lois. Talvez o único ponto da trama desenvolvido de forma mais "apressada", fica justamente por esse relacionamento.

  
Se visualmente o filme é brilhante, a trama parece querer ser mais séria do que o necessário. Quase não temos alívios cômicos - o que não necessariamente é uma obrigatoriedade em filmes do gênero - mas a carga dramática envolvendo o passado de Clark Kent se torna exagerada. Felizmente, Snyder corrige essa opção com altas e bem construídas doses de ação. Responsável pelos expressivos 300, Watchmen e Sucker Punch, Snyder mostra mais uma vez porque é considerado uma dos mais criativos realizadores. Se utilizando deste tom épico da trama, o diretor nos brinda com grandes batalhas, que exploram com primor todos os incríveis poderes do Super-Homem. As lutas então são de um grande dinamismo e velocidade, se tornando empolgantes para todo o público, principalmente as que usam os takes em primeira pessoa. Na minha opinião, porém, o grande mérito visual de Snyder fica pela reconstrução estética de Krypton.  As primeiras cenas no planeta são de qualidade ímpar, assim como as armaduras, naves e armas. Tudo isso acaba contribuindo diretamente para o impecável trabalho visual apresentado, o grande destaque desta refilmagem.


Tecnicamente impressionante, incluindo ai o eficiente 3-D convertido e a empolgante trilha sonora assinada por Hans Zimmer, o novo Homem de Aço é um reinício digno e de grande porte para o principal herói da DC. Contando com grandes desempenhos do britânico Henry Cavill, do excelente Michael Shannon, surtado na pele do General Zod, e dos sempre competentes Russel Crowe, Kevin Costner e Diane Lane, o longa apresenta um equilíbrio surpreendente para os filmes do gênero. Melhor. Reintroduz com primor o personagem em seu universo, permitindo que o novo Superman tenha vida longa pela frente. Não tenho dúvidas em dizer, no entanto, que se não fosse o tom excessivamente sério, O Homem de Aço seria o recomeço que todo o fã esperava. Ainda assim, é um alento ver que o personagem voltou aos trilhos, e que em 2016 estará de volta às telonas. 

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