quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cinemaniac Indica (Star Trek)


Quando assumiu a frente da nova versão cinematográfica de Star Trek, o diretor e produtor J.J Abrams sabia o tamanho do desafio que teria de enfrentar. Afinal, uma nova versão sobre a aclamada série de TV poderia não ser bem aceita pelos milhões de fãs, que, aliás, já andavam torcendo o nariz para as mais recentes adaptações da franquia cinematográfica de Jornada nas Estrelas. Ciente disto, o pai da série Lost resolveu apostar na reinvenção da saga. E o resultado é arrebatador. Dono de um visual fantástico, um elenco de primeira e um roteiro à altura dos áureos tempos da série, o longa é diversão garantida. Um espetáculo satisfatório até mesmo para os "navegadores" de primeira viagem.

Sabendo que tinha em mãos uma saga cultuada por milhares de fãs, o diretor J.J Abrams tem a acertada opção de não fugir da fórmula que fez de Star Trak um dos maiores fenômenos da TV. Apesar de se manter fiel ao original, Abrams não deixa de trazer o seu estilo a saga, dando um visual ainda mais caprichado a esta adaptação. Explorando as possibilidades tecnológicas que tanto a série de TV, quanto todas as adaptações cinematográficas nunca tiveram, o diretor mostra que é possível criar sem descaracterizar as cultuadas fórmulas da franquia. Com isso, Abrams consegue encontrar o equilíbrio perfeito, tornando o longa atrativo não só para os fãs, que já tem pleno conhecimento sobre todo o universo da série, como também para os jovens espectadores, que são apresentados de maneira louvável a uma história que levou décadas para ser arquitetada.

Com roteiro assinado por Alex Kurtzman e Roberto Orci, o novo Star Trek narra a origem dos célebres condutores da nave Enterprise. Na trama, James Tiberious Kirk (Chris Pine) é um jovem rebelde inconformado com a morte de seu pai. Certo dia, ele recebe um convite para fazer parte da formação dos novos cadetes da Frota Estelar. Uma vez lá, Kirk conhece Spock (Zachary Quinto), um vulcano que optou por deixar seu planeta em função do preconceito, alimentado pelo simples fato dele ser metade humano. Durante o treinamento, os dois vivenciam novas experiências provocadas por seus estilos completamente opostos. Assim, Spock, o cerebral, e Kirk, o passional, viverão uma grande aventura ao lado de outros tradicionais integrantes da tripulação da U.S.S. Enterprise, a mais avançada nave espacial da época.

Explorando o passado dos personagens, o roteiro se desenvolve de maneira empolgante e extremamente equilibrada. Preocupado com a não descaracterização dos personagens, a trama não se fixa apenas na origem de cada um dos protagonistas, como também tem a preocupação em trazer uma aventura à altura da série. E o resultado é animador. Principalmente, quando o filme aborda as viagens no tempo, que, neste caso, são exploradas de maneira criativa pelos roteiristas. Apesar de fazer parte do seleto universo Sci-Fi, Abrams tem a corajosa intenção de popularizar o gênero. Com isso, além do visual reluzente, os roteiristas optam por trazer novos elementos a tradicional fórmula da série, como, por exemplo, ótimas cenas de ação, altas doses de humor e, até mesmo, um pequeno romance entre os tripulantes. Tudo isto de maneira agradável e original, oferecendo novas possibilidades à "experiente" saga.

Por falar em novas possibilidades, por mais que o visual da série de TV e também dos muitos filmes fosse de alto nível, Star Trek apresenta um outro padrão para a saga. Sabendo trabalhar muito bem e de maneira inventiva com os novos efeitos visuais, prova disto é o ótimo Cloverfield, J.J Abrams brinda o espectador com cenários fantásticos, potencializados pela vigorosa fotografia de Daniel Mindel, e batalhas expressivas. Mantendo o tradicional design das naves e dos personagens, Abrams ousa mesmo na ação, que ganha um ar ainda mais grandioso graças aos inovadores recursos visuais.

Outro grande acerto de Abrams foi na escolha do elenco. Na tentativa de renovar Star Trek, o diretor aposta em um elenco jovem e extremamente promissor. A começar por Chris Pine (Sorte no Amor) e Zachary Quinto, que oferecem uma roupagem muito interessante aos personagens Capitão Kirk e Spock. Bem tanto nas cenas de ação, quando nas partes mais dramáticas, principalmente Quinto, os dois alcançam as elevadas expectativas ao assumirem a responsabilidade de protagonizar esta nova versão. E são amparados por um ótimo elenco de apoio. Entre eles, se destacam Anton Yelchin (Alpha Dog), impecável como o ingênuo e genial Pavel Chekov, Zoe Saldana (Avatar), como sempre ótima como a indomável Uhura, Karl Urban (Doom), preciso como o correto Dr. Leonard "Bones" McCoy e Simon Pegg (Todo Mundo Quase Morto), que com o carismático Scotty se torna o grande responsável pelo humor no filme. Além deles, Star Trek ainda conta com os experientes Bruce Greenwood, certeiro como o Capitão Pike, um maquiado Eric Bana, também excelente como o vilão Nero, e o inesquecível Leonard Mimoy, mais uma vez brilhante como o agora velho Spock.

Como se não bastasse todos estes acertos, a trilha sonora composta pelo jovem Michael Giacchino (Up - Altas Aventuras) só contribui para que o filme empolgue ainda mais o espectador. Enfim, dando novos ares a tão explorada série de TV, J.J Abrams consegue com Star Trek se colocar entre os grandes nomes do cinema atual. Criativo, inovador e sem perder o vínculo com a série original, o diretor mostra que é possível divertir sem ser óbvio. Apesar dos mais de 30 anos de bagagem, não tenho dúvidas que a Enterprise ainda ainda terá uma "vida longa e próspera" em Hollywood.

2 comentários:

Tiago Britto disse...

Este filme é muito bom, mas ainda acho que foi mais valorizado do que deveria. Adorei o novo spock a homenagem ao spock original.

thicarvalho disse...

Tiago gostei muito. Não vi mtas outras criticas sobre o filme, mas particularmente me surpreendeu mto. Não acompanhava a serie, e curti mto o rumo do filme. Valeu pela visita. Grande abraço.