segunda-feira, 2 de maio de 2016

Oito fatos que fazem de Guerra Civil um dos melhores longas da Marvel Studios

Cuidado com os eventuais spoilers



Empolgante, divertido e absolutamente maduro, Capitão América: Guerra Civil é um entretenimento completo. Ainda que não o considere o melhor filme da franquia, na minha lista Os Vingadores (2012) e O Homem de Ferro (2008) estão um pequeno degrau acima, o longa dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo é corajoso ao adaptar este complexo arco, respeitando a essência ideológica dos quadrinhos de Mark Millar. Assim, aproveitando o frenesi em torno do lançamento de Guerra Civil, neste especial do Cinemaniac iremos analisar os motivos que transformaram este envolvente thriller de ação num dos trabalhos mais expressivos do Universo Vingadores.

- Construção da rixa entre os protagonistas


Com uma premissa extremamente complexa em mãos, os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely dão uma verdadeira aula no que diz respeito ao desenvolvimento da rixa entre o Capitão América e o Homem de Ferro. Além de abordar com absoluta propriedade as diferenças ideológicas entre os dois, marcada por dilemas políticos atuais e realmente significativos, o longa é intimista ao investigar as questões pessoais por trás deste confronto. Fazendo um excelente uso do atormentado Buck Barnes (Sebastian Stan), o ex-Soldado Invernal se torna o estopim para esta crescente rivalidade, principalmente pela sua relação de amizade com Steve Rogers. Na verdade, através de pequenas pistas soltas, o argumento é impecável ao preparar o terreno para a sua grande reviravolta, se conectando de maneira brilhante com o passado de Tony Stark. O resultado é um clímax intenso, conflitante e inesperadamente furioso. Uma opção surpreendente dentro de uma produção da Disney\Marvel. 

- O efeito Zemo


Apesar do impacto negativo junto aos fãs mais revoltosos, o cerebral Zemo (Daniel Bruhl) se transforma num dos elementos mais originais de Guerra Civil. No melhor estilo Mandarim (Homem de Ferro 3), o antagonista ganha uma versão mais atual e totalmente coerente com a proposta defendida pelos irmãos Anthony e Joe Russo. Apesar do pouco tempo em cena, o vilão costura o seu plano com absoluta naturalidade, impulsionado por uma motivação inesperadamente humana. Além disso, a atuação de Daniel Bruhl acrescenta um indispensável peso ao personagem, trazendo um interessante peso dramático ao avassalador clímax. Num todo, aliás, o longa é primoroso ao trabalhar com sentimentos essencialmente humanos, realçando as frustrações, a culpa e as emoções mais reprimidas dos heróis. 

- Introdução dos novos e dos velhos Vingadores


Mesmo com um elevado número de super-heróis em mãos, Christopher Markus e Stephen McFeely mostram inspiração ao tirar o máximo de cada um dos Vingadores. Fiel à essência dos quadrinhos, a dupla de roteiristas os aproveita com absoluta propriedade, dando atenção e função narrativa a cada um deles. Numa aula de construção de personagem, os "novos" Pantera Negra e Homem-Aranha são brilhantemente introduzidos em cena, acrescentando peso e energia a esta continuação. Além disso, personagens como o hilário Homem-Formiga, a dúbia Viúva Negra, o indomável Falcão, o intenso Buck Barnes, o diplomático Visão e a errática Feiticeira Escarlate ganham um merecido destaque ao longo da película, dando corpo a uma série de envolventes subtramas. Um mérito que, verdade seja dita, já havia acontecido no épico Vingadores - A Era de Ultron (2015). 

- Ritmo impecável


Talvez o maior problema do "concorrente" Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, o ritmo se torna um dos grandes diferenciais em Capitão América: Guerra Civil. Sob a batuta dos diretores Anthony e Joe Russo, o longa é vigoro ao construir este complexo arco, explorando o que de melhor cada um dos Vingadores tem a oferecer. Através de um texto ágil e de uma narrativa extremamente fluída, os realizadores conseguem se concentrar no duelo polarizado por Tony Stark e Steve Rogers sem abrir mão dos demais heróis, permitindo que cada um deles dê a sua contribuição ao arco central. Em outras palavras, apesar das inúmeras subtramas e dos variados personagens, Guerra Civil em nenhum momento perde o senso de continuidade. Além disso, os irmãos Russo exibem um senso de simultaneidade impressionante, potencializando tanto as espetaculares sequências de ação, quanto a própria construção da rixa entre os heróis. Méritos que precisam ser divididos com o preciso trabalho da equipe de montagem e edição. 

- O equilíbrio entre os gêneros


De longe a produção mais madura da Marvel Studios, Capitão América: Guerra Civil em nenhum momento abre mão da essência do estúdio e do fator empolgação. Apesar da seriedade da premissa, abordada com a profundida necessária ao longo do argumento, os irmãos Anthony e Joe Russo comprovam que sobriedade e diversão podem dividir espaço dentro de uma mesma película. Sem nunca perder o foco, os realizadores abraçam o drama, a ação e o humor com a absoluta perícia, deixando a sensação de que estamos diante de um entretenimento completo. 

- A versatilidade nas sequências de ação



Versatilidade que, aliás, se repete nas empolgantes sequências de ação. Reconhecidos pelas cenas mais físicas, vide o excelente trabalho apresentado em O Soldado Invernal, os irmãos Russo alcançam em Guerra Civil um nível de qualidade poucas vezes experimentados no gênero. Como se não bastassem os duelos mais criveis, com destaque para a fantástica cena de abertura envolvendo o Ossos Cruzados (Frank Grillo), os realizadores tiram o máximo dos super-poderosos personagens e entregam um dos takes de ação mais incríveis da franquia, quiçá do gênero. Faltam palavras para descrever a absurda sequência do aeroporto. Os personagens se cruzam em cena com absoluta harmonia, num duelo marcado pelo humor, pelos expressivos efeitos visuais e pela grandiosidade. O que falar da presença do Homem-Formiga e do trabalho da dupla de realizadores com as noções de escala. Uma cena fantástica e rodada a luz do dia, um fato raro dentro das produções que usam e abusam do CGI.

- Homem-Aranha e Pantera Negra



Por falar no fator empolgação, os novos Homem-Aranha e Pantera Negra se tornam elementos decisivos dentro dos melhores momentos do longa. Com diferentes funções narrativas, os dois são introduzidos com absoluta precisão, participando ativamente da película. Interpretado pelo talentoso Chadwick Boseman, o príncipe de Wakanda acrescenta um invejável peso dramático e um senso de nobreza ao longa, se transformando num dos pilares desta continuação. Além disso, amparado pelo magnífico uniforme, o Pantera entrega algumas das mais insanas sequências de ação, sendo brilhantemente aproveitado pelos irmãos Russo. Nada, no entanto, se compara a presença do "moleque" Homem-Aranha. Por mais que eu não esteja entre àqueles que já o consideram a melhor adaptação cinematográfica do personagem, como esquecer de Tobey Maguire e do sensacional Homem-Aranha 2 (2004), o jovem Tom Holland absorve com rara empolgação as características mais icônicas do "amigão da vizinhança". Introduzido com enorme agilidade, o teioso arranca uma série de risadas com o seu estilo nerd e imaturo, nos levando à euforia ao bater de frente com alguns dos mais poderosos Vingadores.

- O senso de conclusão e o cuidado ao revelar as consequências desta batalha 



Talvez um dos poucos problemas de O Soldado Invernal, o arremate de Guerra Civil comprova os motivos que fizeram da Marvel Studios uma referência no que diz respeito ao universo compartilhado. Se no longa antecessor os irmãos Anthony e Joe Russo optaram por deixar algumas pontas soltas, um fato que particularmente me incomoda, neste novo capítulo os realizadores mostram um enorme senso de conclusão, preparando o terreno para o futuro sem deixar de responder algumas perguntas do passado. A relação entre Steve Roger e Buck Barnes, por exemplo, é finalmente trabalhada ao longo da película, dialogando sem qualquer tipo de redundância com os episódios de O Soldado Invernal. Num todo, aliás, o argumento é impecável ao se conectar com o passado da franquia, escancarando os fantasmas e o sentimento de culpa por trás da batalha de Sokovia. Além disso, o argumento é sutil ao realçar as consequências da rivalidade entre Steve Rogers e Tony Stark, entregando um desfecho maduro e ligeiramente otimista. Um arremate com a cara da Disney\Marvel.

Leia a nossa opinião sobre Capitão América: Guerra Civil e confira o nosso ranking envolvendo as fases 1 e 2 do Universo Vingadores.  

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