sábado, 15 de agosto de 2015

Tom Cruise mostra fôlego de sobra e brilha no novo Missão: Impossível


Carismático, popular e extremamente dedicado, o astro Tom Cruise comprova mais uma vez o seu talento em Missão: Impossível - Nação Secreta, longa que marca o ápice da franquia protagonizada pelo agente Ethan Hunt. Nitidamente à vontade em cena, o ator e também produtor faz do seu novo trabalho um dos grandes blockbusters de 2015, se tornando um dos principais responsáveis por esta película elegante e absolutamente frenética. Abrindo mão dos dublês em muitas das cenas, com direito a um insano voo do lado de fora de um gigantesco avião, o ator de 53 anos vem fazendo o impossível parecer provável nos seus últimos lançamentos, e com fôlego de sobra tem abraçado de vez as "estripulias" do cinema de ação. Reconhecido inicialmente pelos papeis mais "sérios" de sua carreira, Cruise trouxe um inegável peso ao gênero na última década, encarando com energia e versatilidade o escapismo fantástico de produções como Encontro Explosivo, O Protocolo Fantasma, Jack Reacher, No Limite do Amanhã e o estupidamente divertido Nação Secreta (confira a nossa opinião aqui).


Antes disso, no entanto, Tom Cruise iniciou a sua carreira como um galã de filmes adolescentes, ganhando o seu primeiro personagem de importância em Negócio Arriscado (1983). Reconhecido como um poderoso relato da sua geração, a comédia dirigida por Paul Brickman trouxe Cruise no papel de Joel (foto acima), um jovem que resolve fazer de sua casa um ponto de prostituição. Primeiro sucesso de público de sua carreira, Negócio de Risco faturou US$ 62 milhões nos EUA, abrindo as portas de Hollywood ao lhe render uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia\Musical. Impulsionado por este bem sucedido trabalho, Tom Cruise ganhou o rótulo de astro ao estrelar o blockbuster Top Gun (1986). Dirigido por Tony Scott, Ases Indomáveis faturou mais de US$ 350 milhões ao redor do mundo, representando a tão esperada ascensão para o ator, que na época tinha 24 anos. Já consolidado dentro da indústria do cinema, Tom Cruise resolveu mostrar o seu talento em produções mais sóbrias, roubando a cena no drama esportivo A Cor do Dinheiro (1986). Sob a batuta de Martin Scorsese, o ator dividiu a tela com experiente e vencedor do Oscar Paul Newman (O Indomável) num trabalho que preparou o terreno para duas das grandes produções de sua carreira: Rain Man (1988) e Nascido em 4 de Julho (1989). Numa sequência  de lançamentos absolutamente fantástica, Cruise impressionou ao viver dois marcantes personagens, a começar pelo interesseiro irmão na trama dirigida por Barry Levinson. Através das ótimas atuações de Tom Cruise e Dustin Hoffman, brilhante como um autista, Rain Man se sagrou o grande vencedor do Oscar de 1989, levando os prêmios de Melhor Filme, Direção, Ator (Dustin Hoffman) e Roteiro.


A sua chance de brilhar nas grandes premiações, porém, viria um ano mais tarde com o drama Nascido em 4 de Julho. Dirigido pelo engajado Oliver Stone, Tom Cruise conseguiu a sua primeira indicação ao Oscar ao viver um soldado idealista que, após ficar paraplégico, sucumbe diante dos traumas da Guerra do Vietnã. Embalado por uma de suas melhores atuações, o ator colocaria de vez o seu nome entre os grandes astros hollywoodianos com o popular Dias de Trovão (1990). Repetindo a parceria com Tony Scott, o agora também roteirista retornou ao cinema pipoca ao interpretar um piloto prodígio da Nascar que precisa dar a volta por cima ao sofrer um duro acidente.  Após atuar ao lado de Nicole Kidman no esquecível Um Sonho Distante (1992), Tom Cruise emplacaria outra rentável sequência de lançamentos durante a primeira metade da década de 1990. Voltando ao drama em 1992, o ator dividiu a cena com Jack Nicholson e Demi Moore no filme de tribunal Questão de Honra. Dirigido por Rob Reiner, Cruise recebeu US$ 12 milhões em salários para dar vida a um inexperiente advogado da marinha (foto acima) que precisa entrar em rota de colisão com os oficiais para investigar um crime dentro da corporação. Ele, aliás, interpretou um novo advogado no ano seguinte no elogiado A Firma (1993). Dois verdadeiros sucessos de público que faturaram, respectivamente, US$ 243 milhões e US$ 270 milhões ao redor do mundo.


Dono de uma carreira incrivelmente estável, Cruise voltaria a assinar um contrato milionário para atuar no icônico Entrevista com Vampiro (1994). Disposto a abandonar o papel de bom moço, o ator, que dividiu a cena com o também galã Brad Pitt, interpretou o maléfico vampiro Lestat na adaptação da obra de Anne Rice. Empurrado por mais este sucesso de público, mesmo com a classificação elevada o longa faturou US$ 223 milhões ao redor do mundo, Tom Cruise colocaria de vez o pé no cinema de ação ao estrelar e produzir Missão: Impossível (1996). Comandado pelo cultuado Brian de Palma, o longa abriu as portas para as missões do agente Ethan Hunt (foto acima), transformando Cruise num promissor astro do gênero. Impulsionado pelas cenas de ação vertiginosas, pela tensão do argumento e pela entrega física do ator, Missão: Impossível se tornou a terceira maior bilheteria do ano, faturando US$ 457 milhões em todo mundo. Ainda em 1996, no entanto, Cruise brilhou também no drama esportivo com o elogiado Jerry Maguire - A Grande Virada, filme que lhe rendeu a sua segunda indicação ao Oscar. Dirigido por Cameron Crowe, o longa somou US$ 273 milhões ao narrar uma singela história envolvendo os bastidores do futebol americano, dando a Cuba Gooding Jr. a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. Após estrelar o extraordinário cult Magnólia (1999), Cruise retornaria para ficar no cinema de ação em Missão: Impossível 2 (2000). Agora sob o comando de John Woo (O Alvo), o ator encarou mais uma vez o papel do agente Ethan Hunt nesta frenética continuação, de longe o menos inspirado da franquia. Ainda assim, a sequência arrecadou expressivos US$ 546 milhões em todo mundo, superando as cifras conseguidas pelo original.


Dois anos depois, sob a batuta de Steven Spielberg, Tom Cruise estrelaria Minority Report: A Nova Lei (2002), um elogiado sci-fi inspirado no conto de Philip K. Dick (Blade Runner). Recebido com entusiasmo pela crítica, o longa faturou US$ 352 milhões em todo mundo, iniciando uma parceria que voltaria a funcionar no estrondoso Guerra dos Mundos (2005). Na pele de um pai de família disposto a tudo para salvar os seus filhos de uma invasão alienígena (foto acima), Cruise protagonizou um dos maiores sucessos de público de sua carreira, já que War of Worlds (no original) conseguiu US$ 591 milhões nas bilheterias internacionais. Neste meio tempo, no entanto, o ator estrelou também o rentável épico O Último Samurai (2003), que rendeu US$ 456 milhões ao redor do mundo, e o thriller de ação Colateral (2004), em que viveu um frio assassino de aluguel. Um dos raros vilões em sua carreira. De volta a franquia que o consagrou, Cruise deu uma nova cara para a série em Missão: Impossível 3 (2006). Trazendo mais humanidade a trama, a continuação dirigida e produzida por J.J Abrams começou a desconstruir a frieza do agente Ethan Hunt, colocando a sua noiva (Michelle Monaghan) como alvo de um cruel traficante de armas (Phillip Seymour Hoffman). Mesmo sendo a arrecadação mais baixa da saga, com US$ 397 milhões, a terceira continuação introduziu novos elementos a saga, preparando o terreno para os dois espetaculares últimos lançamentos. Percebendo que as suas investidas em outros gêneros já não eram tão lucrativas, como no suspense de guerra Operação Valquiria (2008) e na extravagante comédia\musical Rock of Ages (2012), Tom Cruise viu no cinema de ação a oportunidade de se manter em evidência, e, após o apenas divertido Encontro Explosivo (2010), reencontrou o caminho para as grandes bilheterias em Missão: Impossível 4 (2011). 




Passando pelo seu momento de maior instabilidade profissional, já que Rock of Ages foi um inesperado fracasso comercial, Tom Cruise deu um chega pra lá nas incertezas e viu O Protocolo Fantasma se tornar a maior bilheteria de sua carreira. Sucesso de público e crítica, o longa dirigido por Brad Bird trouxe uma bem vinda leveza para a série, explorando a disposição do seu protagonista para reproduzir as fantásticas sequências de ação. Demonstrando pleno controle criativo sobre este produto, Cruise se tornou o ator\produtor mais bem pago de 2012, impulsionado pelos US$ 694 milhões conseguidos por MI 4. Já no ano seguinte, novamente em parceria com Christopher McQuarrie, diretor do novo Nação Secreta, Cruise arrancou elogios no intenso Jack Reacher (2012). Enxergando potencial nesta thriller de ação, o ator novamente produziu e estrelou o longa, que se saiu melhor junto à crítica do que propriamente ao público, faturando "modestos" US$ 218 milhões ao redor do mundo. Se mantendo em alta em Hollywood mesmo com o "boom" dos super-heróis no cinema, o ator voltou a flertar com os filmes de Ação\Sci-Fi nos interessantes, mas pouco rentáveis Oblivion (2013) e No Limite do Amanhã (2014). Na verdade, estes dois últimos títulos acabaram esbarrando nos seus elevados orçamentos, já que nas bilheterias o primeiro faturou US$ 286 milhões e o segundo US$ 369 milhões ao redor do mundo. Só pra ter noção do prestígio de Tom Cruise dentro da indústria do cinema, o orçamento de No Limite do Amanhã girou em torno dos US$ 178 milhões, um valor acima do custo de superproduções como Jurassic World e Mad Max - Estrada da Fúria (ambas US$ 150 milhões).


Procurando manter a média de um lançamento por ano, Tom Cruise retorna então ao quinto Missão: Impossível encarando esta franquia não como um lucrativo refúgio, ou como um simples caça níquel de verão, mas com a honestidade e a inteligência capaz de elevar o patamar do cinema de ação. Num nítido esforço para tornar as missões da IMF mais realistas, o ator evidencia o seu entusiasmo ao explorar o lado mais fantástico do gênero, mostrando um inesgotável fôlego e uma elevada dose de coragem ao encarar as criativas sequências idealizadas por McQuarrie. Abrindo mão do uso dos dublês, Cruise parece estar verdadeiramente brincando no seu parque de diversões particular (assista ao vídeo sobre os bastidores do longa abaixo), se arriscando de maneira obviamente segura ao protagonizar sequências como o espetacular e vertiginoso voo do lado de fora de um avião (confira nas fotos acima). Disposto a oferecer aquilo que os fãs do gênero gostariam de assistir, Tom Cruise brilha mais um vez ao esbanjar a sua invejável entrega física em cena, transformando os mirabolantes planos do agente Ethan Hunt em uma experiência naturalmente divertida não só para o seu público, como também para si mesmo. O resultado é um longa como Nação Secreta, um blockbuster elegante, esperto e de alto nível, que, tal qual o seu protagonista, parece querer riscar a palavra impossível do seu vocabulário. 


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