terça-feira, 22 de setembro de 2009

Harry Potter, Crepúsculo e o Fenômeno dos roteiros adaptados (Parte 3)

O Romance invade as telonas

Chaplin e Buster Keaton contracenando juntos em Luzes da Ribalta

Até os anos de 1930, o cinema mudo tinha basicamente dois gêneros consolidados: o terror e a comédia. Com gênios como Chaplin e Buster Keaton, pelo lado da comédia, e filmes que chocavam, como os filmes de terror, o cinema buscava prender a atenção do espectador com o advento das imagens em movimento, com o choque perceptual e nada melhor para isso do que uma boa risada ou um bom susto. Porém, com o início da década de 1930, e com mais da 51% da produção cinematográfica já falada, o cinema passa a buscar novos ares. Começam a ter uma preocupação maior com a trama, com os diálogos e a partir dai o gênero romance passa a literalmente conquistar o público. Tanto que no final desta década, mais precisamente no ano de 1939, uma obra literária adaptada viria a se tornar um dos filmes mais vistos até hoje na história do cinema, e talvez o melhor romance já feito. Trata-se de E o vento Levou...

Vivien Leigh e Clark Gable em cena no épico E o Vento levou...

Adaptado da obra homônima de Margaret Mitchell, o filme se tornaria um marco do gênero, considerado por muitos críticos um dos melhores filmes de todos os tempos. Dirigido por Victor Fleming, com colaboração de George Cukor, Sam Wood, William Cameron Menzies e Sidney Franklin, E o Vento levou foi o primeiro filme à cores, ganhador do Oscar de melhor Filme. Além desta, o filme faturou outras nove estatuetas do Oscar, sendo indicado em 12 quesitos, só ficando atrás dos fenômenos Titanic, Ben Hur e Senhor dos Anéis, por coincidência outro filme adaptado de um livro. Trazendo personagens emblemáticos como Scarlet O’Hara, interpretada de forma magistral por Vivien Leigh e o galã da época Clark Gable, o filme que custou aproximadamente 5 milhões de dólares, faturou mais de 32 milhões, algo completamente impensável para época. Estes U$$ 32 milhões somados a inflação e as mudanças cambiais, segundo a revista Super Interessante, seriam o equivalente a cerca de US$ 1,455 bilhão, que nos dias de hoje, colocariam o filme como a maior bilheteria de todos os tempos.

Posters originais de O Morro dos Ventos Uivantes e Orgulho e Preconceito

Por incrível que pareça, neste mesmo ano, outro grande clássico do romance literário chegaria aos cinemas. Trata-se de O Morro dos Ventos Uivantes, obra escrita em 1847 por Emily Brontë, que viria a se tornar filme nas mãos do diretor William Wyler. Estrelada por Merle Oberon como Cathy e Laurence Olivier como Heathcliff, esta versão concorreu a 9 oscars, faturando um de Melhor Fotografia. Assim como E o Vento Levou, O Morro dos ventos Uivantes se tornou um dos maiores clássicos do cinema, e até os dias de hoje, arrebata os corações de muitos fãs espalhados pelo mundo.
Um ano depois, outro grande clássico da literatura viria a ganhar forma no cinema. Trata-se de Orgulho e Preconceito, obra-prima do escritor inglês Jane Austen, considerado um dos melhores romances da história, dirigida por Robert Z. Leonard. O filme, que trouxe no elenco Greer Carson e novamente Laurence Olivier, embarcou nos sucessos das obras adaptadas anteriormente e conseguiu se tornar outro marco na história do cinema. O curioso é que para economizar dinheiro, a produção resolveu utilizar as roupas filme do filme E o Vento Levou, que havia sido lançado no ano anterior.

Respectivos posters dos filmes citados abaixo

Ambos os filmes citados acima, marcaram época no início do cinema falado, abrindo as portas para um gênero que viria para ficar: o romance. Nas décadas seguintes muitos filmes de sucesso seguiriam sendo adaptados de livros e se tornariam grandes clássicos do gênero, como: Um Lugar ao Sol (1951), A Um Passo da Eternidade (1953), Guerra e Paz (1956) Bonequinha de Luxo (1961), Dr Jivago (1965) Enfim, o sucesso das obras acima foram tão grandes, que até os dias de hoje, muitos filmes do gênero continuam sendo adaptados de grandes romances da literatura.

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